Rio - Os homens não precisam fazer exame preventivo de câncer de próstata antes dos 50 anos, informou ontem a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). A orientação anterior era se submeter ao toque retal a partir dos 45. A mudança também vale para o grupo de risco, formado por indivíduos com histórico familiar da doença ou obesos: a idade inicial para o exame, nestes casos, pode ser 45, em vez de 40 anos. A medida volta a expor desentendimentos com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, que sequer recomenda o rastreamento da doença.
Especialistas explicam que a nova orientação leva em conta tendência internacional, apesar de contrariar o lema da campanha Novembro Azul, lançada pela própria SBU, que alerta para a importância da detecção precoce do câncer. “Parece contraditório, mas a maioria dos tumores não tem grande evolução. Nos sentimos seguros para, se for o caso, dar esse diagnóstico cinco anos depois”, diz Lucas Nogueira, diretor de uro-oncologia da SBU.
O médico destacou que a evolução do câncer de próstata é lenta. “A radioterapia por tempo demais, antes da hora, pode causar impotência e incontinência, sem necessidade”, disse. Nos casos de tumores menos agressivos, confirmados pela biópsia, a opção é a ‘vigilância ativa’, quando a evolução da doença é acompanhada por exames regulares.
INCA QUESTIONA EXAME
Procurado, o Inca voltou a rechaçar a necessidade do exame para quem está fora do grupo de risco ou não apresente sintomas, como jato urinário fraco e sensação de não esvaziar a bexiga. A posição é controversa. “O argumento está equivocado, é baseado em estudos questionáveis. Se tem sintoma, já está em estágio avançado”, avaliou Nogueira.
Mesmo com ressalvas, o anúncio foi bem recebido entre especialistas. “Não há como precisar que a doença antes dos 45 vai ser menos agressiva”, ponderou o oncologista Mixel Tenenbaum. A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica apóia a decisão da SBU.