Por nara.boechat
Aleppo e Nova York - Mais uma atrocidade da guerra civil da Síria chocou ontem o mundo: segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, dois helicópteros das forças do regime do presidente Bashar al-Assad largaram sobre a cidade de Aleppo barris de explosivos carregados de peças metálicas. Pelo menos 76 pessoas morreram, entre elas 28 crianças e quatro mulheres. “O conflito sírio se deteriorou além da imaginação”, afirmou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

“As pessoas na Síria não podem aguentar um outro ano, um outro mês ou mesmo um outro dia de brutalidade e destruição”, declarou Ban, ao ser informado sobre o ataque na capital financeira do país. Ele pediu a todos os países com influência sobre o regime sírio e os rebeldes armados para que pressionem os dois lados em direção a um cessar-fogo antes da conferência de paz, marcada para 22 de janeiro. “Essa é a única forma de alcançar uma solução para os mais de dois anos de conflito”, destacou.

Uma mulher procura por seus pertences nas ruínas de sua casa%2C na cidade de Aleppo. Imóvel foi atingido pelo bombardeio de domingo Reuters

Facções rebeldes advertiram, ontem, em resposta ao bombardeio, que todos os prédios militares e policiais do regime estão na mira, e deram 24 horas aos civis para saírem desses locais.

A ONU também advertiu ontem que o número de refugiados sírios no Oriente Médio deve quase ser duplicado em 2014, quando deverá chegar a 4,1 milhões de pessoas que terão de abandonar suas casas e ir para acampamentos em nações como Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque e Egito. Atualmente, há cerca de 2,4 milhões de refugiados.
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As Nações Unidas fizeram ainda um apelo por 13 bilhões de dólares para financiar suas operações humanitárias em 17 países afetados por crises no próximo ano, sendo que metade desse valor (6,5 bilhões de dólares) seria para a Síria, o que configura o maior pedido já feito pela ONU.
A organização crê que nada menos que três quartos dos 22,4 milhões de habitantes da Síria precisarão de ajuda humanitária em 2014. Cerca de 2,3 bilhões de dólares serão destinados a civis dentro da Síria, enquanto 4,2 bilhões de dólares iriam para refugiados em países vizinhos.
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Dos protestos antigoverno à guerra civil
Desde o início do conflito, em março de 2011, cerca de 125 mil pessoas foram mortas na Síria, segundo o Observatório. A Primavera Árabe de 2011 no Egito e na Tunísia inspirou os sírios a tomarem as ruas, naquele época, em atos contra o regime de Bashar al-Assad. Os cidadãos se colocaram contra o processo político estagnado e pediram uma reforma democrática. Mas o governo respondeu com medidas extremas: sequestros, tortura e mortes.
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Em consequência, forças rebeldes formadas por civis começaram a se armar para combater a violência do governo, o que levou a confrontos que destruíram cidades inteiras.