Amanda Knox e ex são condenados em novo julgamento na Itália
Condenação é pelo assassinato da britânica Kercher em jogo sexual que deu errado. Sollecito entregou documentos à Itália na divisa com a Áustria
Por fernanda.magalhaes
Itália - O ex-namorado da americana Amanda Knox deixou a Itália e dirigiu em direção à Áustria enquanto uma corte deliberava sobre seu destino, disse a polícia nesta sexta-feira, mas eventualmente ele voltou à Itália e entregou seu passaporte depois de uma condenação conjunta pela morte da estudante britânica Meredith Kercher.
As longas viagens de Raffaele Sollecito foram reveladas no mesmo dia em que Knox, que agora mora nos EUA, deixou claro que nunca voltará voluntariamente para a Itália para cumprir a sentença de 28 anos e meio emitida em uma corte de apelações. "Nunca voltarei por vontade própria àquele lugar", disse ao programa Good Morning America, da ABC. "Lutarei contra isso até o fim. Não é certo e não é justo."
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Advogados dos dois prometeram apelar contra a condenação, que manteve o veredicto de 2009 no assassinato de Kercher, uma companheira de quarto de Knox em uma universidade de Perugia. Na época, Sollecito foi condenado a 25 anos.
Kercher foi encontrada em uma poça de sangue com a garganta cortada em 2 de novembro de 2007 no apartamento onde moravam. Segundo a promotoria, a morte resultou de um jogo sexual que deu errado. Knox e Sollecito foram presos poucos dias depois e ficaram quatro anos na prisão antes que uma corte de apelações os absolvesse em 2011. Mais tarde, a mais alta corte italiana descartou essa absolvição e ordenou um novo julgamento, resultando na decisão de quinta-feira.
O advogado de Sollecito, Luca Maori, insistiu que seu cliente estava na área da fronteira norte da Itália com a Áustria porque é ali que sua atual namorada vive. Ele disse que Sollecito foi voluntariamente à polícia para entregar seu passaporte e seus documentos de identidade.
Amanda Knox aguarda início de entrevista para programa de TV na Rede "ABC" nesta sexta-feiraReuters
Mas o chefe do esquadrão policial de Udine, Massimiliano Ortolan, disse que a polícia recebeu a denúncia de que Sollecito tinha se hospedado em um hotel em Venzone, no lado italiano da fronteira, e foram encontrá-lo lá, acordando o rapaz e sua namorada na manhã desta sexta-feira e o levando à delegacia de Udine.
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Nenhum mandado de prisão foi emitido pela corte de Florença. Mas a corte ordenou que Sollecito entregasse seu passaporte e documentos de identidade para evitar que deixe o país. Depois de entregá-los, ele foi visto saindo do local com sua namorada.
Na delegacia, Sollecito disse aos investigadores que dirigiu até a Áustria na tarde desta quinta-feira depois de comparecer à sessão de abertura do julgamento em Florença. Depois que a corte começou a deliberação, Sollecito disse que viajou 400 km de Florença a Udine e cruzou a fronteira, disse Ortolan.
Segundo Ortolan, Sollecito e sua namorada disseram aos investigadores que visitaram Villach, uma cidade perto da fronteira, e então voltaram à Itália e se hospedaram no hotel de Venzone à 1 hora local. Ele afirmou que Sollecito não explicou por que fez essa viagem.
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"Penso ser significativo que, antes de a sentença ser dada, ele tenha deixado Florença e viajado para ficar perto de duas fronteiras: a da Eslovênia e a da Áustria", afirmou. "É algo que nos deixa um pouco perplexos."
Na Itália, adultos têm de apresentar seu documentos ao fazer o check-in. Os hotéis têm então de comunicar a informação à polícia local. Cerca de 6h30, a polícia apareceu no hotel Carnia e levou Sollecito para a delegacia de Udine.
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A nova condenação imeadiamente abriu caminho para um processo de extradição para Knox, supondo que os veredictos sejam mantidos na apelação final, processo que pode levar mais um ano.
Para a família de Kercher, o veredicto foi mais um passo em seis anos de incerteza sobre como Meredith morreu e sobre como encontrar justiça.
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"Acho que ainda estamos no caminho da verdade, e pode ser pelo fato de que nunca saberemos exatamente o que aconteceu naquela noite, algo que teremos de aceitar", disse Stephanie Kercher, irmã da vítima.