Por tamara.coimbra
Israel - Israel deu o primeiro passo para penalizar o uso ou abuso de termos relacionados com o Holocausto, como a palavra "nazista", fora de contexto educativo, o que originou um debate sobre a questão da liberdade de expressão. Segundo um projeto de lei, todo aquele que utilizar a palavra "nazista", assim como outros símbolos do Terceiro Reich "de forma equivocada e inadequada" será punido com até seis meses de prisão, além do pagamento de uma multa de 100 mil shekels (cerca de R$ 70 mil).
Aqueles que são a favor argumentam que se trata da resposta ao aumento do anti-semitismo no mundo, somado ao exagerado emprego de expressões relacionadas com o Holocausto no dia a dia em Israel, tanto no âmbito da política, como entre os jovens. Apesar de ainda não haver uma lei, qualificar algo ou alguém como "nazista" pode levar uma pessoa a julgamento já que a atitude pode ser considerada incitação à violência ou difamação.
Publicidade
Os críticos da nova iniciativa argumentam que ela representa um golpe contra a liberdade de expressão e é realmente difícil de ser cumprida em um país que se estabeleceu à luz do Holocausto e que conseguiu consolidar a democracia em meio a uma região tão instável. A proposta foi motivada por vários incidentes, os mais recentes, protestos de ultraortodoxos, alguns inclusive vestidos com uniformes listrados de preto e branco como os utilizados nos campos de concentração.
Nova lei aborda a banalização do Holocausto
Publicidade
Também não é incomum que os membros das forças de segurança sejam chamados de nazistas por parte de comunidades ortodoxas e colonos radicais. Além disso, uma pichação feita, supostamente, por judeus antisionistas no museu Yad Vashem dizia: "Hitler, obrigado pelo Holocausto".
Outro acontecimento que faz parte da memória coletiva dos israelenses foram as manifestações, em 1995, durante o processo de paz de Oslo durante as quais foram mostradas fotos do ex-primeiro-ministro Yitzhak Rabin vestido com uniforme da SS, organização paramilitar ligada ao partido nazista.
Publicidade
A nova lei aborda igualmente a banalização do Holocausto pelo abuso de termos e sua temática na sociedade israelense, onde fazem parte do debate político com frequência. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, por exemplo, fala sobre o genocídio periodicamente quando trata da ameaça nuclear iraniana.