Rio - O gesto é simples e capaz de evitar a morte de pacientes internados. Porém, nem todos se lembram dele. Uma empresa carioca desenvolveu um sistema de monitoramento que avisa ao profissional de saúde a hora de higienizar a mão. Toda vez que uma ‘mão suja’ se aproximar do leito do doente, um alarme poderá ser disparado, através de crachás usados pelos médicos ou enfermeiros.
A técnica é inédita no Brasil, segundo Elyr Teixeira, mestre em Engenharia Biomédica e diretor Comercial da empresa Senfio. O principal objetivo é evitar mortes decorrentes de infecções hospitalares, já que as mãos são a principal via de contaminação. Ele lembra que o modelo criado não altera a rotina hospitalar e garante maior rigor com a higienização. Elyr lembra que, hoje, o controle da higienização dos profissionais é feito de forma ‘manual’, por profissionais da Comissão e Controle de Infecções Hospitalares. “É uma fiscalização passível de erro. Tem muita gente morrendo por infecção e não há um uma ferramenta de controle mais prática, além de rígida”, avalia.
Pelo software, é possível ver a frequência com que cada profissional limpa as mãos e onde. Segundo Elyr, os administradores dos hospitais podem aproveitar os dados para colocar os dosadores de álcool nos locais que forem mais convenientes.
A previsão é de que os crachás estejam disponíveis em quatro meses. Hospitais do Rio, inclusive uma unidade pública, já demonstraram interesse em usá-los. “O custo de perder vidas é muito maior. Se o hospital não quiser o alarme, pode optar por uma luz especial”, pontua.
O projeto ganhou recursos da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio (Faperj).
Equipamentos e roupas
A limpeza dos hospitais não envolve apenas a higienização das mãos, mas também a de equipamentos como estetoscópio, catéter, além de roupas usadas pelos profissionais. O alerta é de Leila Macedo, presidente da Associação Nacional de Biossegurança (ANBio). “O paciente muitas vezes entra com uma doença e sai com uma infecção. Ou o pior: nem sai do hospital”.
Leila explica que pessoas internadas apresentam sistema de defesa debilitado, o que aumenta as chances de infecção hospitalar. Além disso, em unidades superlotadas o risco é maior, já que a proximidade entre os pacientes é grande. “Isso gera aumento das bactérias e, em alguns casos, resistência e antibióticos”.
Segundo a especialista, profissionais de saúde não devem sair do hospital vestindo o jaleco ou transportando o estetoscópio, já que a prática leva contaminação da rua para o hospital.