Rússia - Em sua primeira aparição pública desde que foi deposto do cargo de presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych afirmou, durante coletiva de imprensa realizada na cidade russa de Rostov-on-Don, ao sul da Rússia, nesta sexta-feira, que não vai desistir de lutar pelo futuro de seu país. “Tenho a intenção de continuar lutando pelo futuro da Ucrânia”, disse ele.
Yanukovych afirmou ainda que apoia os moradores da Criméia e está preocupado com eles, que estão sendo chamados de “nacionalistas” em Kiev, acrescentando que a Rússia não pode ficar de braços cruzados diante do desenrolar dos acontecimentos. Ele negou, porém, que sua colocação sugira um pedido de intervenção militar no local. “Nenhuma intervenção militar nessa situação é aceitável”, explicou.
Durante a coletiva de imprensa, Yanukovych falou em russo. Um russo nativo - ele normalmente falaria em ucraniano, se estivesse em Kiev – embora as vezes respondesse em russo, quando questionado em sua língua nativa.
Ele insistiu que “não fugiu de lugar nenhum”, mas deixou a cidade de Kharkiv, a oeste da Ucrânia. Ele disse que foi “forçado” a abandonar o país quando estava na Criméia, depois de sua família receber ameaças. Questionado como conseguiu chegar à Rússia, o presidente fugitivo disse que “graças aos oficiais patriotas que fizeram o seu dever e me ajudaram a salvar a minha vida”.
Ocidente
O ex-presidente ucraniano criticou o Ocidente por supostamente trair um acordo de compromisso firmado no dia 21 de fevereiro entre governo e oposição, dizendo que as recentes ações dos opositores contrariam o pacto mediado pela União Europeia. Yanukovych desmentiu reportagens sobre sua suposta mansão fora de Kiev, dizendo que estava cheia de “imagens bonitas”, e se comprometeu a provar em tribunal que a residência não pertenceu a ele.
O ex-presidente apareceu vestido de terno e gravata e disse aos jornalistas ter sido forçado a deixar o poder por forças pró-fascistas, e culpou o Ocidente mais uma vez pela crise na Ucrânia, por "condescender" com manifestantes que queriam sua queda.
Ele afirmou que o caos tomou conta do país após um acordo assinado por ele junto com seus opositores na última sexta-feira, sob mediação da União Europeia, tendo por objetivo encerrar a crise de três meses no país. Ele fugiu de Kiev no mesmo dia.
O ex-líder mencionou também que foi a Rostov-on-Don em busca de abrigo temporário com um “velho amigo”. Yanukovych afirmou não ter encontrado o presidente russo Vladimir Putin, mas que havia falado com ele ao telefone, acrescentando que espera que o líder da Rússia encontre tempo para vê-lo.