Rio - Após perder a irmã vítima de câncer de colo de útero, o construtor Adilson Adriano Nascimento fez questão de vacinar a filha, Xena Bezerra, 12 anos, contra o HPV, vírus que provoca a doença. A menina foi a primeira a ser imunizada na Clínica da Família Sérgio Vieira de Mello, no Catumbi.
Nesta segunda, foi aberta a campanha de vacinação inédita, em unidades de saúde e escolas de todo o país. “Vi na televisão e trouxe minha filha no primeiro dia.Minha obrigação é orientá-la. Perdi uma irmã de apenas 37 anos por causa do câncer de colo do útero”, disse.
Já Ana Beatriz do Amaral, 13, foi à clínica com a avó, a dona de casa Maria Luiza dos Santos, 64. “Do lado da minha avó, ficou mais fácil. Vou avisar às minhas amigas que não dói, para elas virem também”, disse.
Técnica de enfermagem da clínica, Rejane Silva Lopes, 40, aplicou a vacina na própria filha, Ágata da Silva, 13. Para Rejane, o sexo deve ser assunto discutido com as adolescentes. “Cedo ou tarde elas começam a vida sexual. Se eu não orientá-la, ela vai aprender na rua e do jeito errado”, disse, acrescentando que a vacina é aplicada no músculo e pode causar desmaios. “A maioria não sente nada, mas é bom estar acompanhada na hora da vacina”, alerta.
Secretário municipal de Saúde, Hans Dohmann, que abriu a campanha ao lado do secretário estadual de Saúde, Marcos Musafir, na clínica, garantiu que a imunização é segura e que não substitui o uso do preservativo. “A vacina é mais eficaz em meninas que não tiveram contato com o vírus”.
A imunização estará disponível, durante todo ano, em unidades de saúde e escolas (apenas a primeira dose). Em 2014, a campanha é voltada para meninas de 11 e 13 anos. Em 2015, a vacina será oferecida a adolescentes de 9 a 11 anos e, em 2016, às que completam nove anos. Segundo o Ministério da Saúde, as meninas têm iniciado a atividade sexual a partir dos 13 anos, de modo que a vacinação vai proteger também os garotos que tiverem relações com elas.
Pediatras participam da campanha
Médicos-pediatras de todo país vão apoiar a campanha de vacinação contra o HPV e incentivar a imunização de meninas de 9 a 13 anos. A Sociedade Brasileira de Pediatria informou em um parecer ter convicção da segurança da vacina, e de sua relevância na prevenção do câncer de colo de útero e em outros órgãos afetados, como ânus, boca e pênis.
O Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ) vai emitir uma recomendação aos pediatras do estado. “Esses profissionais devem aproveitar o vínculo com as famílias para sensibilizar sobre a necessidade da imunização contra o HPV, e todas as doenças preveníveis com vacina”, afirmou a presidente do comitê, Tânia Petraglia.
Segundo ela, a fórmula do imunizante existe desde 2006 e, na maioria das vezes, provoca reação apenas no local da injeção, como dor no braço. “A insegurança da vacina é um mito”, disse.