Nigéria - A polícia da Nigéria ofereceu 50 milhões de nairas, cerca de 600 mil reais, nesta quarta-feira, como recompensa a quem puder dar informações que levem ao resgate de mais de 200 estudantes sequestradas por rebeldes islâmicos.
Essa oferta vem no mesmo dia em que surgiram relatos de que ataque do Boko Haram na segunda-feira em Gamboru Ngala, perto da fronteira com Camarões, deixou ao menos 150 mortos, de acordo com um senador nigeriano e várias testemunhas oculares. Enquanto isso, autoridades dos EUA se preparam para enviar suas tropas e ajudar a encontrar as meninas, que foram sequestrados no dia 14 de abril.

"Ao convidar o público em geral para ser parte da solução para o presente desafio de segurança, o Alto Comando da Polícia também tranquiliza todos os cidadãos que qualquer informação fornecida será tratada de forma anônima e com o máximo sigilo", disse a Polícia Nigéria, por meio de comunicado.
O presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, tem sido criticado por esperar três semanas para reconhecer publicamente os sequestros no norte da Nigéria, onde impera a violência do Boko Haram.
"O presidente e o governo não estão agindo da maneira mais fácil quanto as pessoas em todo o mundo pensam", disse o porta-voz presidencial, Doyin Okupe. "Nós estamos fazendo muito, mas não estamos divulgando. Nós não somos americanos. Não estamos mostrando às pessoas, mas não significa que não estamos fazendo nada", afirmou Okupe.
Ele disse que helicópteros e aviões têm procurado pelas estudantes desaparecidas em 250 localidades. E mais tropas devem compor as equipes de buscas, de acordo com o porta-voz do governo.
Ajuda aceita
O presidente nigeriano também aceitou a ajuda oferecida pela força militar dos Estados Unidos nas buscas pelas alunas.
"O que temos oferecido - e a proposta foi aceita - é a ajuda de nossos militares e dos nossos agentes da lei", disse o presidente americano Barack Obama a NBC News na terça. "Faremos o que pudermos para promover assistência a eles."
A assistência norte-americana inclui a criaação de uma "célula coordenadora" de inteligência, investigadores e especialistas em negociação, de acordo com porta-voz do departamento de Estado dos EUA, Jen Psaki. A célula incluirá também militares norte-americanos, ela acrescentou.
Essa célula conjunta será estabelecida na Embaixada dos EUA na capital nigeriana, Abuja, de acordo com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry. Ele espera que os esforços comecem imediatamente.
O Pentágono já começou a planejar a missão de ajuda na Nigéria, disse autoridade militar à CNN. Assistência militar dos EUA deve se limitar a negociações de inteligência, planejamento de missão e do resgate dos reféns, vários funcionários disseram durante a entrevista. É improvável neste momento que as tropas dos EUA se envolvam neste momento, afirmaram as fontes.
Crimes
O sequestro em massa no último mês provocou clamor internacional e protestos, aumentando a pressão sobre o governo para trazer as meninas de volta.
A indignação pública aumentou depois que mais oito meninas foram raptadas na mesma região remota no nordeste, segundo relato dos moradores na terça, por supostos membros do grupo, que tem como meta criar um Estado islâmico. A polícia listou seis números de telefone em seu anúncio e exortou os nigerianos a ligarem para fornecer "informações críveis".
Abubakar Shekau, líder do Boko Haram ameaçou, em um vídeo, vender "no mercado" as meninas sequestradas em 14 de abril de uma escola secundária na vila de Chibok. Os Estados Unidos se ofereceram para enviar uma equipe à Nigéria para ajudar nos esforços de busca.
Os sequestros e outros ataques de Boko Haram ofuscaram a realização do Fórum Econômico Mundial (FEM) na Nigéria, cujo início está previsto para esta quarta-feira à noite.