Por clarissa.sardenberg

Rio - O Brasil ganhou destaque na mídia internacional mais uma vez por conta da Copa do Mundo e novamente, de maneira negativa. Desta vez, o esgoto nas praias cariocas foi a "pauta de alerta" do site americano Global Post, que afirmou que o turista deve tomar cuidado com "fezes" na "Cidade Maravilhosa", "no caminho do aeroporto ou na praia".

O escoamento do esgoto de maneira inapropriada no Rio é abordado categoricamente. "Apenas 40% do esgoto é tratado e o restante acaba em rios, lagoas, praias e baías", afirma a reportagem publicada no site. "Cerca de 80 a 100 toneladas de lixo acabam na Baía de Guanabara todos os dias", completa.

O tratamento da água na Baía de Guanabara para as Olimpíadas 2016 é abordado na reportagem com descrédito, apontando que até mesmo os cariocas pensam desta maneira, pois o problema persiste e só aumenta há décadas.

Rios que desaguam na Baía de Guanabara são responsáveis por boa parte da poluiçãoDivulgação

O veículo entrevistou um biólogo que monitora as águas do Rio há anos e que classificou a baía como uma "latrina". Mario Moscatelli disse que nos últimos 20 anos um bilhão de dólares já foram gastos para tentar limpar a Guanabara, mas a degradação ambiental só piorou.

Perigos à saúde e Desigualdade

O problema de saneamento básico no Brasil afeta a parcela mais pobre e com menos poder político da população. Isso fica bem claro na reportagem, que destaca que em bairros como o Leblon, não há essa deficiência.

O líder comunitário da Rocinha foi ouvido sobre a modernização do esgoto na comunidade. Jose Martins de Oliveira contou é um trabalho a longo prazo. "A luta é por nossos filhos e netos", disse.

Danos à saúde devido à exposição à matéria fecal podem acontecer a qualquer um, especialmente na praia. A publicação alerta para diarreia, hepatite A, parasitas e outros problemas.Em entrevista, o pediatra Daniel Becker disse: "No Rio, se você está indo à praia, está indo ao esgoto".

Um médico que atua em uma clínica de família na Rocinha afirmou que entre as crianças de lá é muito comum encontrar infecções gastrointestinais, além de doenças na pele. Ele também explicou que um lugar sem saneamento básico expõe os moradores, principalmente crianças a um "ciclo de doenças", já que pisam e tocam em esgoto aberto. Além de, atrair insetos e animais, com o risco de transmissão de doenças como leptospirose.

"A falta de saneamento básico é um símbolo da desigualdade no Rio. É apenas um espelho do que acontece no país inteiro", diz o pediatra Becker.

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