Por bferreira

Rio - Na hora do jantar, no recreio e até antes de dormir, muitas crianças ficam com a atenção e o olhar desviados para seus tablets, smartphones ou computadores. Porém, o uso excessivo das novas tecnologias está afetando a saúde ocular dos pequenos. Dor de cabeça, embaralhamento da visão, vermelhidão e ressecamento dos olhos são alguns dos sinais de insuficiência de convergência.

Segundo o oftalmologista e diretor-médico da Clínica de Olhos São Francisco de Assis, Aldo Barcia, 30% das crianças que vão ao consultório têm o problema. Ao passarem horas por dia grudados nas telinhas dos aparelhos, os pequenos usam demais a capacidade de olhar para dentro e focar para perto, de acordo com o especialista. A visão, compara ele, é como se fosse uma orquestra. Os músculos externos e internos dos olhos devem funcionar em harmonia com o centro motor do cérebro, que controla tudo. “Quando nós olhamos demais para perto, esse sistema se desregula e a musculatura do olho fica sobrecarregada”, esclarece.

Apesar de reversível, o paciente com insuficiência de convergência tem dificuldade em coordenar os dois olhos ao fazer atividades próximas, como as tarefas escolares. Isso porque já existe uma tendência para os olhos se desviarem para fora. O problema não pode ser percebido por quem convive com o portador.

O oftalmologista aconselha os pais a ficarem atentos às queixas mais comuns. Dor de cabeça no fim da tarde e desmotivação ao ler são recorrentes. É preciso consultar um médico depressa, para fazer exames como o de refração e o chamado ‘Cover Test’.

Para prevenir, o ideal, segundo Barcia, é estipular intervalos de 15 minutos a cada quatro horas usando os aparelhos. “A tecnologia ajuda os pequenos em vários aspectos.Não é preciso demonizá-la, só regular o uso,” opina. Por outro lado, o também oftalmologista Luciano Gonçalves defende que há limites de idade para usar aparelhos. “Pais dão tablets para sossegar filhos em público, mas o ideal é só liberá-los para uso após os 5 anos,” diz. O tratamento é com fisioterapia, através de exercícios que usam um prisma. Dez sessões são suficientes para que haja melhora.

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