Bruxelas - A União Europeia e a Rússia concordaram nesta sexta-feira em realizar conversas de alto nível, incluindo a Ucrânia, sobre a esperada assinatura de um acordo de livre comércio entre Kiev e o bloco Europeu, depois que Moscou alertou que aplicará medidas de retaliação para proteger a sua economia.
O governo da Ucrânia deve firmar o acordo com a UE em 27 de junho, mesmo com as objeções da Rússia, que teme que o acordo seja danoso à sua própria economia.
Em novembro, a UE rejeitou a ideia de conversas trilaterais com os russos a respeito do acordo de associação da Ucrânia com a UE, um entendimento que marcaria uma guinada história da ex-república soviética rumo ao Ocidente e longe da órbita de Moscou.
A oferta atual ainda não permite à Rússia opinar sobre o formato do acordo ucraniano, só abre o caminho para consultas trilaterais a respeito das consequências do acordo. Ainda assim, parece ser uma concessão parcial da parte da UE para aumentar o envolvimento russo.
Em uma conversa telefônica com o presidente russo, Vladimir Putin, nesta sexta-feira, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, ofereceu elevar o nível das consultas com Moscou sobre o acordo da Ucrânia, saindo da esfera dos especialistas para a da política, informou a comissão em um comunicado.
"Eles (Barroso e Putin) discutiram a assinatura de 27 de junho do Acordo de Associação e a Área de Livre Comércio Profunda e Abrangente”, informa a declaração.
“Como forma de dissipar quaisquer temores, o presidente Barroso ofereceu ao presidente Putin a possibilidade de se envolver nas conversas bilaterais em andamento com a Rússia no nível técnico, assim como realizar consultas no nível político, associando a Ucrânia”, disse, acrescentando que Putin concordou.
As conversas em nível político podem envolver o comissário de Comércio da UE, Karel De Gucht, e possivelmente o ministro da Economia da Rússia, disseram autoridades.
O acordo de associação da Ucrânia com a UE tem estado no centro do conflito entre Moscou e Kiev, o que levou à anexação russa da Crimeia em março e o subsequente levante separatista pró-Rússia no leste da Ucrânia.