Por bferreira

Rio - Quem procura parceiros sexuais em aplicativos de celular tem mais chances de contrair doenças sexualmente transmissíveis do que pessoas que preferem conhecer outras em bares e festas. Este foi o resultado de uma pesquisa publicada no jornal ‘Sexually Transmitted Infections’. Segundo o estudo, relações que nascem de aplicativos oferecem um risco 23% maior de contágio por gonorreia e 35% maior por clamídia. Não houve diferença de resultados em relação à sífilis e ao HIV.

A pesquisa acompanhou sete mil homens gays que se consultavam numa clínica de saúde sexual de Los Angeles (Estados Unidos), entre 2011 e 2013. Um terço deles conheceu parceiros pessoalmente; 30% encontraram o companheiro pela internet; e 36% usaram aplicativos de celular, como o Tinder e o Grindr — exclusivo para o público gay e que alcançou seis milhões de usuários no ano passado.

A infectologista Danielle Borghi, do Hospital São Francisco na Providência de Deus, alerta que independentemente do meio usado para conhecer o parceiro, a prevenção é fundamental. “Todos, heterossexuais e homossexuais, devem usar camisinha. Não importa se conheceram as pessoas em um bar ou pelo celular”, disse.

O professor e doutorando em Comunicação Eduardo Bianchi, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, explica que os aplicativos chamados de redes geosociais usam o GPS para localizar possíveis parceiros que estão mais próximos. Para ele, isso potencializa o jogo de sedução. “Mas não acredito que o uso da tecnologia determine a falta de preocupação com a proteção”.

Impulsividade e uso de droga

Os dados da pesquisa ainda mostram que a maioria dos usuários desses aplicativos têm menos de 40 anos e alguma graduação. Além disso, o uso de drogas recreativas, principalmente ecstasy e cocaína, é maior entre os adeptos da novidade, o que pode ser um dos motivos para que aumentem as falhas na prevenção a doenças.

Os cientistas acreditam que, ao conhecer uma pessoa de forma muito rápida e fazer sexo quase por impulso, as chances de não se tomar medidas preventivas crescem .

Os autores da pesquisa defenderam que é preciso tomar medidas que levem em consideração os novos comportamentos. “Os programas de prevenção devem aprender a explorar eficazmente a mesma tecnologia, adaptando-se à mudança de fatores de risco contemporâneos para as doenças”, afirmaram os pesquisadores.

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