Afeganistão - O candidato presidencial afegão Abdullah Abdullah disse nesta quarta-feira que suspendeu a cooperação com os órgãos eleitorais do país e lhes pediu que interrompam a contagem de votos por causa de fraude generalizada.
"O processo de contagem deveriam ser interrompidos imediatamente e, se continuarem, não terão legitimidade", declarou Abdullah.
A recusa de Abdullah de trabalhar com as comissões eleitorais mergulhou o país em uma profunda crise política poucos dias depois do segundo turno da eleição presidencial.
O rival de Abdullah, Ashraf Ghani, ex-economista do Banco Mundial, não estava disponível de imediato para comentar o assunto, mas havia declarado anteriormente que todos os partidos políticos deveriam respeitar o processo.
Os aliados estrangeiros do governo afegão temiam que o pior cenário para o processo eleitoral fosse um resultado apertado combinado com fraude generalizada, o que daria aos candidatos perdedores motivo para se recusarem a aceitar a derrota.
Embora ainda haja urnas eleitorais que não chegaram à capital, Cabul, para a apuração, Abdullah diz que os dados preliminares e outras evidências recolhidas por sua equipe mostram fraude em massa.
"De agora em diante, hoje, nós anunciamos que não confiamos ou acreditamos nos órgãos eleitorais", prosseguiu Abdullah. "Peço a todos os nossos observadores que abandonem o monitoramento e retornem às nossas bases provinciais."
Analistas temem que alegações de fraude de ambos os lados possa conduzir a uma duradoura e paralisante luta pelo poder em linhas étnicas, ameaçando levar ao fracasso as tentativas de transferir o poder democraticamente pela primeira vez na história do Afeganistão.
De acordo com os primeiros informes recebidos pela equipe de Abdullah, os resultados da eleição de sábado colocam Ghani na dianteira por quase 1 milhão de votos de vantagem.