Egito - Um tribunal egípcio confirmou neste sábado penas de morte para o líder da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, e mais 182 partidários, em um forte sinal de que a repressão ao grupo continuará no governo do novo presidente, Abdel Fattah al-Sisi.
Mohamed Badie e outros réus foram condenados pelos atos de violência que eclodiram na cidade de Minya, no Sul do país, após a queda do presidente islâmico Mohamed Mursi, um importante membro da Irmandade.
O movimento que resultou na saída do ex-presidente do poder ocorreu em julho passado e foi liderado por Sisi, ex-chefe do Exército. Os atos de violência deixaram um policial morto.
A decisão da corte ocorre dois meses depois do início do julgamento contra Badie, guia geral da Irmandade — agora uma instituição proibida na nação —, e de mais 682 réus pela autoridade religiosa do país, o primeiro passo para a imposição de uma pena de morte.
As sentenças preliminares causaram revolta nos governos ocidentais e grupos de defesa dos direitos humanos. Os Estados Unidos e a União Europeia disseram estar chocados com o resultado do julgamento. A decisão deste sábado ocorre duas semanas após Sisi assumir o poder como presidente, depois de vencer as eleições em maio.
Desde a queda de Mursi, no ano passado, centenas de manifestantes islâmicos foram mortos e milhares, presos. Durante a campanha presidencial, Sisi afirmou que a Irmandade Muçulmana — o grupo político mais antigo, organizado e bem-sucedido do Egito — tinha acabado e não existiria em seu mandato.
A Anistia Internacional descreveu os veredictos deste sábado como "o mais recente exemplo da tentativa do Judiciário egípcio de esmagar os dissidentes".