Por tabata.uchoa

Jerusalém e Paris - Nem uma hora a mais. Passadas as 12 horas do cessar-fogo, neste sábado, na Faixa de Gaza, mísseis voltaram a ser disparados pelo grupo islâmico Hamas contra Israel. A guerra, que assusta o mundo e chega ao 19º dia, já causou a morte de mais de mil palestinos, a maioria de civis.

Apesar dos ataques do Hamas, no início da noite, o governo de Israel fez nova proposta de trégua de 24 horas, recusada pela milícia palestina. No sábado, os palestinos aproveitaram o cessar-fogo para recolher mais de cem mortos dos escombros.

Em meio a cenário de terra arrasada%2C grupo de palestinos retira corpo de homem que morreu soterrado dentro de casa%2C após bombadeios israelensesReuters

A trégua humanitária de 12 horas começou às 8h locais (2h de Brasília) na Faixa de Gaza. A pausa no conflito foi comunicada pelo secretário de Estado americano, John Kerry, na sexta-feira. O objetivo era permitir que os palestinos buscassem água e comida e que os hospitais fossem reabastecidos com medicamentos.

O ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shukri, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, haviam pedido mais cedo a pausa nos confrontos entre Israel e o Hamas. Antes do início da pausa nos combates, na madrugada de sábado, pelo menos 12 pessoas, todas identificadas como civis, morreram em um bombardeio israelense sobre um edifício de três andares na cidade de Khan Yunes, no sul da Faixa de Gaza.

Horas depois do início do cessar-fogo, mais de cem corpos foram retirados de escombros na Faixa de Gaza, segundo a agência France Presse. De acordo com socorristas palestinos, os corpos foram transportados para diferentes necrotérios e hospitais da região. O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf Al-Qidra, disse que equipes de resgate haviam recuperado 132 corpos de bairros destruídos.

Protesto de mais de mil pessoas em Paris contra as mortes de palestinos terminou em distúrbios e 70 presosReuters


Segundo fontes militares, militantes palestinos voltaram a disparar mísseis contra Israel, minutos após terminar oficialmente o cessar-fogo, que era administrado pelas Nações Unidas. Ministros israelenses sinalizaram que era remoto um acordo abrangente para acabar com o conflito de 19 dias com o Hamas e seus aliados.

Apesar dos esforços da comunidade internacional em busca da paz, as posições de Israel e Hamas seguem bem distantes de convergir para um período mais duradouro sem ataques entre si. O Hamas disse que só concordaria com um cessar-fogo mais longo se Israel recuasse suas tropas das áreas que foram ocupadas na Faixa de Gaza.

No conflito, os civis do lado palestino são os que mais sofrem. “Tudo acabou, todas as nossas vidas estavam naquela casa, lar de 18 pessoas!”, gritou Zaneen, uma pequena mulher vestindo um robe negro e véu roxo, enquanto explorava os destroços da cidade de Beit Hanoun, no norte da Faixa de Gaza. “Meu Deus, queremos paz. Paz e que tudo isso pare!”

Mundo reage à matança nos conflitos

As mortes no conflito na Faixa de Gaza causam reações em vários pontos do mundo. Neste sábado, um protesto de mais de mil pessoas pró-palestinos em Paris terminou em distúrbios com o forte aparato policial, que usou gás de pimenta para dispersar a multidão. Setenta pessoas foram presas.

Os protestos em Paris aconteceram em meio à reunião de líderes mundiais na capital francesa em busca de uma solução para o fim da guerra em Gaza. Na quinta-feira, a chancelaria brasileira também se manifestou contrária à matança na região, afirmando que Israel usava forças desproporcionais no conflito.

Como resposta, porta-voz do Ministério Exterior israelense, Yigal Palmor, fez piada infame: "Desproporcional é 7 a 1”, referindo-se à goleada sofrida pelo Brasil na Copa.

Você pode gostar