Cidade do Vaticano e Jerusalém - O Papa Francisco fez um apelo ontem para que as sociedades e as autoridades da Ucrânia e Israel cessem os confrontos através de “um diálogo paciente e corajoso” em prol da paz.
O apelo de Francisco foi feito no mesmo dia em que o presidente americano Barack Obama ligou para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pedindo um cessar-fogo no conflito em Gaza — que já matou mais de mil pessoas, a maioria palestinos civis — e em que novos combates no leste da Ucrânia deixaram treze mortos.
“Peço-vos, de todo o coração: por favor, parem (os ataques). É tempo de parar”, exclamou o Pontífice em discurso posterior à oração do Ângelus. Francisco também lembrou diante de milhares de fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano, que hoje se completa o centenário do início da Primeira Guerra Mundial. Da janela do Palácio Apostólico, o Papa classificou aquela guerra como um “trágico evento” que, disse, é preciso ser lembrado para trazer ao presente “as lições da história, fazendo com que prevaleça sempre a paz”.
Francisco citou a dor das pessoas que vivem em guerra e focou na situação das crianças. “Penso sobretudo nas crianças de quem tiram a esperança de ter um futuro. Crianças mortas, feridas, mutiladas, órfãs, que têm como brinquedo materiais bélicos”, frisou.
Em Gaza, os combates diminuíram ontem depois que militantes islâmicos do Hamas disseram apoiar trégua humanitária de 24 horas. Mas não havia sinal de qualquer acordo abrangente para acabar com o conflito com Israel. Alguns disparos ocorreram depois que o Hamas anunciou que ia colocar suas armas de lado e o primeiro-ministro Netanyahu questionou a validade do cessar-fogo.
Enquanto isso, médicos palestinos disseram que pelo menos dez pessoas morreram na onda de ataques subsequentes que atingiu Gaza, incluindo uma mulher cristã, Jalila Faraj Ayyad, cuja casa na cidade de Gaza foi atingida por uma bomba israelense.
No vigésimo dia da guerra em Gaza, o número de palestinos mortos subiu para 1.060, a maioria civis e incluindo muitas crianças. Israel diz que 43 dos seus soldados e três civis foram mortos por mísseis palestinos.
Já a região leste da Ucrânia teve mais um dia de violência. Treze civis, entre eles duas crianças, morreram em combates em Gorlivka, um dos redutos dos separatistas pró-russos a 45 km ao norte de Donetsk.
Revelado ataque russo à Ucrânia
Os Estados Unidos divulgaram ontem imagens de satélite que confirmam suas alegações de que a artilharia russa disparou em direção à Ucrânia, em apoio aos separatistas pró-russos. Em duas dessas imagens aparecem o que o governo americano garante ser baterias russas em seu território: lançadores múltiplos de foguetes e morteiros autopropulsados.
As imagens também mostram crateras provocadas por impactos perto de posições militares no lado ucraniano da fronteira. A terceira revela o que Washington diz ser uma artilharia pesada ativada por separatistas a partir da própria Ucrânia. Moscou negou qualquer intervenção direta no conflito na Ucrânia e acusou Washington de alimentar campanha contra o país.
Os temores dos danos que separatistas pró-russos provocam com armas pesadas russas aumentaram depois que um avião comercial malaio foi derrubado quando voava sobre a Ucrânia matando 298 pessoas.