Por bferreira

Rio - Problemas de saúde que aparecem isolados, mas de maneira repetitiva — como pneumonias, otites e infecções intestinais, entre outros —, podem estar ligadas a um mesmo diagnóstico: a imunodeficiência primária. A doença, grave, é causada por um defeito genético e afeta crianças desde os primeiros meses de vida, de acordo com José Marcos Telles da Cunha, professor de Imunologia da UFRJ e membro do Consórcio Brasileiro dos Centros de Referência e Treinamento em Imunodeficiências Primárias (Cobid).

“Impurezas normalmente inofensivas do ambiente, como mofo, umidade e ácaros, provocam quadros clínicos severos e levam até à internação”, comenta o médico.

'SAIA DA BOLHA'

Segundo o Cobid, é preciso que familiares e médicos saibam que não é preciso esconder o paciente dentro de uma ‘bolha’ e isolá-lo do mundo exterior para mantê-lo a salvo de doenças. O drama foi retratado no famoso filme ‘O menino da bolha de plástico’, estrelado por John Travolta em 1976. Para dar o alerta, o Cobid criou a campanha ‘Saia da Bolha’ (www.saiadabolha.com.br). “Se o diagnóstico for feito precocemente e o tratamento, seguido à risca, monitorado por centros especializados, o paciente pode levar vida normal, ou muito próxima disso”, analisa Cunha.

O diagnóstico não é dos mais fáceis, segundo ele, já que os sintomas podem aparentar ter causas isoladas. “Muitas vezes o pediatra não estranha o fato de que a criança tem otites repetidas, ou um quadro crônico de diarreia. Acha que é circunstancial e nunca encaminha para o imunologista”, diz.

Ele conta que é comum que a família e o pediatra ou clínico geral só busquem novo diagnóstico quando as internações começam a ser frequentes. “Uma amigdalite, por exemplo, que leva a criança a uma infecção grave, que não passa com antibióticos e anti-inflamatórios, e que acaba em internação, deve chamar a atenção do pediatra”.

Nos casos mais graves, o único tratamento é o transplante de medula óssea, que deve ser feito nos primeiros meses de vida. O tratamento para casos mais leves é com uso contínuo de antibióticos, antifúngicos e antivirais.

Bebê adoeceu após picada de mosquito

Uma picada de mosquito na testa foi o bastante para Guilherme, hoje com 4 anos, passar muito tempo internado, com diversas infecções, entre os 3 e os 9 meses de idade. “A pequena feridinha que se abriu quase virou uma infecção generalizada em pouquíssimo tempo”, lembra a mãe, Adriana Riva Mezabarba, 41 anos.

O diagnóstico foi de um tipo específico de imunodeficiência, a Doença Granulomatosa Crônica, e a criança pasou por transplante de medula óssea. “Meu filho hoje vai à escola, recebe visitas normalmente, e não sofre de nenhuma sequela relativa à doença. É um menino normal”, declara Adriana.

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