Por bferreira

Nigéria - O vírus mortal ebola chegou à Nigéria, país mais populoso da África, que pode se tornar mais um ponto de propagação da doença, como temiam cientistas. Seis casos foram confirmados ontem no país, um deles fatal: o de uma enfermeira que cuidara do norte-americano Patrick Sawyer, que saiu da Libéria há duas semanas e morreu na cidade nigeriana de Lagos, que tem quase 8 milhões de habitantes. Os outros contaminados também seriam da equipe que socorreu Sawyer. O surto de ebola estava restrito a Serra Leoa, Guiné e Libéria, onde morreram as 932 vítimas desde fevereiro.

Nos Estados Unidos, autoridades confirmam a melhora da missionária Nancy Writebol e do médico Kent Brantley, que contraíram ebola na Libéria e foram levados para um hospital em Atlanta. Ambos foram tratados com uma droga ainda em fase de testes.

NOVA DROGA É ESPERANÇA

O bom resultado do remédio ZMapp, fabricado pela empresa de biotecnologia Mapp, levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a considerar permitir a ampliação do uso do produto. “Temos uma doença de alto índice de letalidade, sem nenhum medicamento ou vacina para combatê-la. Precisamos perguntar aos especialistas em ética médica o que é a coisa mais responsável a fazer”, disse em nota Marie-Paule Kieny, diretora adjunta da OMS, que está realizando reunião de emergência de dois dias, desde ontem, para decidir os rumos do tratamento da doença no mundo.

A declaração da OMS ressalta que o procedimento normal para liberação de novos medicamentos envolve uma série de testes em humanos, para garantir a segurança do produto. Neste caso, seria aberta exceção, já que o ZMapp ainda não foi testado com padrões de segurança e eficácia. O tratamento administrado nos dois norte-americanos só havia sido testado em animais: consiste em anticorpos que impedem o vírus de infectar novas células.

Maior surto desde 1976

A África Ocidental enfrenta o maior surto do ebola já registrado desde a descoberta da doença, em 1976. A OMS afirma que já é a maior epidemia em termos de pessoas afetadas, número de mortos e extensão geográfica. O surto começou na República de Guiné em março deste ano, e se espalhou para os países vizinhos Serra Leoa e Libéria.

Guiné é o país com mais mortes, seguido de Serra Leoa e Libéria. Já o país com o maior número de infectados é Serra Leoa, com mais de 600 casos.

A OMS enviou mais de uma centena de especialistas para a região, mas eles enfrentam dificuldades para atuar nas áreas mais remotas. Os próprios médicos têm sido vítimas do vírus. Mais da metade dos infectados neste surto morreram, e a OMS teme a possibilidade de uma propagação internacional do mal.

A transmissão acontece quando o paciente apresenta sintomas severos: vômito, diarreia, febre alta, sangramento. Quando uma pessoa é infectada, em até dez dias ou ela morre ou o organismo começa a combater o vírus. No combate à doença, os pacientes são isolados, e médicos fazem a pessoa se alimentar e ingerir líquidos.

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