Por clarissa.sardenberg

Ramala - O ministro palestino de Economia, Mohamad Mustafa, calculou nesta segunda-feira em vários bilhões de dólares o custo que terá a reconstrução de Gaza uma vez que acabe a ofensiva israelense. Em declarações aos meios de comunicação, o responsável da Economia palestina no governo de unidade transitória anunciou que o cálculo preliminar "será anunciado no final desta semana por um comitê formado 'ad hoc'". Na última semana, responsáveis palestinos na Faixa afirmaram que as cinco semanas de bombardeios e combates arruinaram a frágil agricultura, reduziram a cinzas o frágil setor industrial e asfixiou o pouco comércio, com perdas econômicas próximas a US$ 5 bilhões.

"Cerca de 40 mil construções de todos os tipos foram destruídas ou ficaram severamente danificadas. A 'grosso modo', achamos que as perdas podem superar os US$ 5 bilhões", explicou o ministro da Habitação e Obras Públicas do governo de unidade transitório palestino, Mufid Hasayna. "5.238 casas foram destruídas totalmente, 30 mil foram danificadas mas ainda são habitáveis, e 4.374 sofreram danos muito mais severos que as fazem inabitáveis", acrescentou.

Mulher palestina passa por casas destruídas em Johr El-Deek perto da região central de GazaReuters

Além disso, "cerca de 250 indústrias, comércios e infraestruturas agrícolas ficaram inutilizadas", ressaltou Hasayna, que lembrou que mais de 250 mil pessoas foram obrigadas a abandonar seus lares e necessitam de ajuda para subsistir. Yasser Amro, vice-ministro de Economia no mesmo governo, precisou que dessas perdas, cerca de US$ 3 bilhões correspondem à indústria e à agricultura. "Durante estas últimas cinco semanas, o ciclo produtivo esteve totalmente paralisado. Setores como a agricultura, a pesca e a indústria não funcionaram. A tudo é preciso acrescentar o enorme dano sofrido por infraestruturas fundamentais como a eletricidade e a água", afirmou.

Uma conjuntura que faz com que, segundo Amro, a tarefa de reconstruir a Faixa seja impossível se Israel não levantar o bloqueio econômico e o assédio militar que impõe há sete anos aos dois milhões de habitantes que vivem ali. Analistas israelenses calculam, por sua parte, que Israel gastou mais de US$ 2,5 bilhões em uma ofensiva que até o momento custou a vida de mais de 2 mil palestinos, 75% deles civis.

Palestinos e israelenses negociam desde domingo no Cairo a extensão do cessar-fogo estipulado há cinco dias e que termina esta meia-noite. A principal reivindicação da parte palestina é o levantamento do ferrenho bloqueio econômico e o estrito assédio militar que Israel impõe a Gaza há sete anos, enquanto os israelenses exigem o desarmamento das milícias.

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