Por karilayn.areias

Rio - Enquanto você está relaxado, lendo o jornal, procurando não pensar que amanhã é dia de voltar ao batente, tem muita gente que trocaria o churrascão de domingo pelo expediente. São os chamados ‘viciados em trabalho’(workaholics). Já existe, inclusive, o grupo Workaholics Anônimos, que desenvolve método semelhante ao aplicado em dependentes do álcool.

Pesquisa feita na Noruega mostrou que 8,3% dos participantes sofrem com o mal. O estudo da Universidade de Bergen, divulgado em agosto, foi feito com 1.124 trabalhadores, entre 18 e 70 anos. Eles responderam a um questionário baseado numa escala de ‘dependência do trabalho’. Os workaholics eram, principalmente, jovens. Não houve diferença de incidência do problema entre homens e mulheres, segundo a pesquisa.

Entre os que responderam ‘sempre’ e ‘quase sempre’ aos itens propostos, as características mais encontradas foram: gasta muito mais tempo trabalhando do que pretendia (30,5%); prioriza o trabalho em detrimento do prazer (24,6%) e fica estressado se é proibido de trabalhar (12,3%).

Apesar de terem jornada acima da média, algumas pessoas não entram no grupo dos ‘dependentes’, segundo os pesquisadores. Isso porque o vício não é caracterizado apenas pelas horas de expediente, mas também pelo fato de pensar muito no emprego mesmo nos momentos de folga.

De acordo com Fátima Vasconcellos, psiquiatra e diretora médica da Santa Casa de Misericórdia, outros sinais são dificuldade de relaxar e se divertir; irritabilidade e descuido consigo mesmo. Ela aponta ainda que, em profissionais liberais jovens, o índice de dependência pode chegar a 25%.

“O trabalho pode começar num momento de necessidade da empresa, mas as pessoas com tendência a comportamentos compulsivos perdem o controle e se dedicam para preencher vazios existenciais”, disse.

Workaholics anônimos

Semelhante ao Alcoólicos Anônimos, o Workaholics Anônimos já conta com diversas sedes em países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Equador e Argentina. Os grupos se reúnem para trocar experiências e a única exigência para participar é o desejo de se livrar da dependência. Há, inclusive, os tradicionais 12 passos de recuperação, com as mesmas dicas adotadas no AA.

O descontrole na carga de trabalho afeta também o físico. De acordo com Marco Aurélio Chame, clínico geral do Hospital São Francisco na Providência de Deus, problemas cardiovasculares, intestinais, gastrite e dificuldade para dormir são os efeitos mais comuns. “O corpo pede repouso. Vejo muitos casos de estresse ligado ao trabalho. Hipertensão arterial é muito comum”, cita.

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