Por bferreira

Reino Unido - Hoje é a data do histórico plebiscito que decidirá o futuro do Reino Unido, integrado por Inglaterra, País de Gales, Irlanda do Norte e, por enquanto, pela Escócia, o país do uísque. Nas urnas, mais de 4 milhões de eleitores vão responder à pergunta: ‘A Escócia deve ser independente?’. Até ontem, pesquisas de opinião não permitiam arriscar um resultado — o ‘não’ tinha apenas uma ligeira vantagem, de cerca de dois pontos percentuais, sobre o ‘sim’. Cerca de 14% se disseram indecisos.

Têm direito a voto cidadãos britânicos ou da União Europeia, com mais de 16 anos, que vivam na Escócia e sejam registrados no país. Isso significa que 800 mil escoceses que moram fora não poderão ir às urnas. Mas mais de 400 mil do resto do Reino Unido que residem na Escócia podem fazer a opção.

Em clima de decisão, o jornal ‘The Scottish Sun’ estampou em sua capa fotos dos líderes das duas campanhas: o unionista e ministro das Finanças, Alistair Darling, e o líder nacionalista e premiê da Escócia, Alex Salmond. Junto às imagens, a frase: “Sua voz, sua escolha, seu voto”.

Numa carta aos eleitores, Salmond afirma que o voto pelo ‘sim’ vai possibilitar à população ter o poder nas mãos para determinar o futuro do país. Enquanto isso, o líder da campanha ‘Melhor Juntos’, e também o ex-primeiro-ministro Gordon Brown, participaram de um comício em Glasgow para pedir votos pelo ‘não’. “Estamos votando para o futuro da Escócia para sempre. Os escoceses devem dizer não com a cabeça e com o coração”, afirmou Darling. Brown argumentou que a independência levaria a Escócia a uma armadilha econômica da qual não conseguiria escapar.

A rainha Elizabeth II e a família real estão neutros. O primeiro-ministro, David Cameron, o governo da cidade de Londres e o astro do futebol David Beckham, além de várias personalidades, se uniram no esforço pelo ‘não’. O governo britânico prometeu garantir à Escócia altos níveis de financiamento estatal e também conceder ao país maior controle sobre as finanças.

Entenda o que está em jogo: petróleo e moeda

Um voto pela separação significaria o fim dos 307 anos de união com a Inglaterra. Segundo historiadores, é a maior maior ‘ameaça interna’ ao Reino Unido desde que a Irlanda se separou em duas, há quase um século. O governo escocês diz que uma Escócia independente — com sua abundância em petróleo no Mar do Norte — poderia se tornar um dos países mais ricos do mundo. Já os favoráveis à manutenção do país no Reino Unido lembram que estas reservas petroleiras não são eternas. Eles afirmam, além disso, que a exploração do óleo no Mar do Norte foi bem-sucedida, até hoje, por causa dos esforços conjuntos com outras partes do Reino Unido. Esse apoio seria ainda mais importante neste momento em que as reservas estão acabando: o petróleo que sobra é mais difícil de extrair.

O governo escocês diz querer manter a libra esterlina na Escócia, após a independência. As autoridades dizem que isso beneficiaria a todos, mas os três principais partidos do Reino Unido (Conservador, Trabalhista e Liberal-Democrata) são contra. Adotar moeda própria seria oneroso. Outra opção seria o euro, mas a Escócia teria que se adequar às regras impostas por Bruxelas, o que poderia demorar.

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