Por tabata.uchoa

Turquia - A Turquia libertou ontem 49 reféns de seu país que estavam sob poder do grupo Estado Islâmico. Eles foram sequestrados desde 11 junho pelos jihadistas e chegaram ontem a seu país, informou ontem o primeiro-ministro Ahmet Davutoglu.

“Hoje trouxemos ao nosso país os cidadãos que estavam retidos no Iraque. Agradeço de coração às famílias que mantiveram sua dignidade”, anunciou ele, segundo a imprensa local. “Esta feliz notícia nos proporcionou uma formosa manhã”, comentou Davutoglu no Azerbaijão, onde se encontrava em uma viagem oficial que interrompeu para retornar imediatamente à Turquia.

O cônsul-geral da Turquia em Mossul%2C Ozturk Yilmaz (de óculos)%2C estava entre os reféns libertados que chegaram ontem à capital do paísReuters

O primeiro-ministro explicou que os reféns, entre eles o cônsul-geral em Mossul (norte do Iraque), foram recuperados pelos serviços de inteligência turcos, que “usaram seus próprios meios”, embora não tenha especificado se foi uma operação de resgate ou uma libertação negociada.

Já o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, agradeceu em comunicado ao governo pela execução de uma “operação detalhada e secreta” que, informou ele, durou toda a noite. “Nossa agência nacional de inteligência seguiu o assunto com paciência e dedicação e finalmente realizou uma bem-sucedida operação de resgate”, explicou o chefe de Estado.

O jornal ‘Hürriyet’ contou que os reféns foram levados à cidade de Akcakale, fronteiriça com a Síria, e dali para Urfa, em cujo aeroporto foram recebidos pelo próprio Davutoglu e transferidos em avião oficial a Ancara, capital da Turquia.

Segundo a emissora norte-americana ‘CNN’, os sequestrados foram levados da cidade síria de Tel Abiad, a cerca de 400 quilômetros de Mossul, onde foram capturados há mais de três meses, até a fronteira turca.
Na sexta-feira, o vice-primeiro-ministro, Bülent Arinc, revelou que as autoridades tinham conhecimento do paradeiro dos sequestrados, entre eles mulheres e crianças, e que o governo mantinha contato com eles.

Os 49 cidadãos turcos caíram nas mãos dos jihadistas quando os radicais conquistaram Mossul, em 10 de junho. Essa situação fez com que a Turquia, membro da Otan, não tenha se mostrado disposta a participar na coalizão internacional que os Estados Unidos querem liderar contra o Estado Islâmico, que impôs uma interpretação radical da lei islâmica nas áreas que controla no Iraque e na Síria.

Além disso, a Turquia abriu as fronteiras para refugiados curdos vindos da Síria na sexta-feira, e, até a tarde ontem, já chegava a 60 mil o número de pessoas que entraram no país fugindo dos ataques do Estado Islâmico.

Refugiados já são 60 mil

Ontem, o vice-primeiro-ministro turco, Numan Kurtulmus, foi ontem até a província de Urfa, um dos pontos onde chegaram diversos refugiados curdos, e falou à imprensa. “Dou as boas-vindas aos que chegaram de Kobane (cidade que vem sendo alvo de ataques do Estado Islâmico). Espero que possam retornar a seus lares, o mais rápido possível. Os que chegaram à Turquia já são mais de 60 mil”, declarou ele.

O número de refugiados foi crescendo ao longo do dia, à medida que os dados eram atualizados, e atingiu um número recorde desde o início da crise na Síria. A Turquia foi obrigada na sexta-feira a abrir oito passagens fronteiriças para receber a avalanche de pessoas que fugiam das investidas do grupo radical. “Abrimos oito pontos da fronteira e 45 mil curdos sírios entraram na Turquia. Não há país no mundo, por mais rico que seja, que possa acolher 45 mil refugiados em uma única noite”, ponderou Kurtulmus.

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