Vaticano - Destituído pelo Papa Francisco na quinta-feira, Dom Rogelio Livieres Plano, ex-bispo de Ciudad del Este (Paraguai), ameaçou Francisco ontem. O paraguaio afirmou, em carta publicada na imprensa italiana, que o Pontífice “vai prestar contas a Deus” por tê-lo afastado da Igreja. Plano é acusado pela Santa Sé de má gestão e, pior ainda, de ter protegido um padre pedófilo.
Na longa carta publicada primeiramente no site da diocese e endereçada ao cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, Plano, que é membro do Opus Dei, acusa diretamente o Papa de persegui-lo. “Como um filho obediente da Igreja, aceito esta decisão, ainda que considerando infundada e arbitrária, e sobre a qual o Papa prestará contas a Deus”, escreveu ele. Reconhecendo “erros humanos”, o prelado paraguaio acredita ser vítima de uma “perseguição ideológica".
PEDOFILIA E DESVIO DE VERBA
O Vaticano se recusou a comentar a carta, e também não mencionou oficialmente as acusações contra Plano. Segundo o site Vatican Insider, porém, ele é acusado de ter quebrado, por uma série de acusações, a ‘harmonia’ entre os bispos paraguaios, de ter ordenado seminaristas sem formação suficiente e de ter promovido um sacerdote argentino polêmico, Carlos Urrutigoity, suspeito de ter cometido abusos sexuais contra menores de idade. Plano também teria utilizado doações destinadas a obras de caridade para a construção de um novo seminário.
O Vaticano fez o anúncio da destituição em uma nota oficial, na qual o Papa reconhece que foi “uma decisão árdua tomada por razões pastorais”. Segundo a imprensa europeia, Plano ‘denunciou’ uma ‘nova irregularidade em um processo anormal’: o anúncio de sua destituição pelo núncio apostólico, em Assunção, antes da notificação por escrito. Na carta, o ex-bispo também enfatizou o apoio que recebeu de seus fiéis.
Tolerância zero com crime
A destituição de Plano ocorreu dois dias depois de o Papa ter mandado prender o ex-núncio na República Dominicana, Jozef Wesolowski. Ele já fora afastado do sacerdócio após denúncias ter pago para fazer sexo com crianças. A promotoria de Justiça do Vaticano determinou sua prisão domiciliar na Santa Sé. Foi a primeira vez que um caso envolvendo abuso sexual passou a ser julgado no Vaticano. O ex-núncio pode pegar até 12 anos de prisão.