Rio - O risco do uso de anabolizantes está fartamente documentado pela medicina. Mas outro produto que tem ganhado adeptos nas academias também guarda efeitos perversos para o organismo. A reposição de testosterona, hormônio produzido nos testículos, é utilizada para ‘turbinar’ os músculos, mas também eleva as chances de trombose e embolia pulmonar — entupimentos de vasos sanguíneos que podem causar morte súbita.
O urologista Daher Chade, do Hospital Sírio Libanês, explica como a injeção do hormônio gera o risco: “Ela aumenta a coagulação do sangue, o que pode causar o entupimento das veias e, consequentemente, o aparecimento das doenças”, diz, lembrando que não há chance de infarto ou AVC ocasionados por obstrução nas artérias.
Segundo o especialista, pessoas que fazem uso da terapia de reposição hormonal para tratar disfunção erétil e perda de libido também podem desenvolver as doenças. Mas os ‘malhadores’ estão mais suscetíveis, pois têm seus níveis hormonais naturalmente ajustados. “Os riscos são maiores por não haver controle adequado dos níveis sanguíneos de testosterona. Além disso, a falta de necessidade do procedimento coloca a taxa hormonal muito acima do limite recomendado”, afirma Chade.
O profissional também alerta que portadores de anemia e hemofilia, entre outras doenças hematológicas, integram o grupo de risco para o tromboembolismo: “A maioria não sabe que possui estas doenças, pois elas não apresentam sintoma, até fazerem a terapia com testosterona”.
Outro produto popular em academias é o whey protein. O suplemento, de proteínas do soro do leite, coloca em risco órgãos como rins e fígado, diz o fisiologista DiegoBarros. “O whey traz um adicional de proteína que o organismo não está acostumado a metabolizar, o que pode levar a sobrecarga. É fundamental manter a rotina de exercícios enquanto se consome o produto”, aponta. O melhor, diz, é privilegiar proteínas naturais, de carnes e derivados do leite.