Por bferreira

Rio - Após mais de três décadas de uso desregrado de bebidas, o cantor Dinho Ouro Preto, da banda Capital Inicial, desenvolveu uma doença chamada hepatite alcoólica, conforme ele mesmo revelou à imprensa. Para ficar curado, passou um ano sem beber. Segundo o gastroenterologista Rodriguo Rodrigues, do Hospital Badin, o mal é uma inflamação do fígado e uma fase intermediária da hepatopatia alcoólica, que pode levar à morte.

“A hepatite é um agravamento da estertose (acúmulo de gordura no fígado), que provoca lesões em células hepáticas e pode desencadear quadro de cirrose, onde o comprometimento das funções do órgão torna-se irreversível”, alerta o médico.

O especialista explicou que o perfil dos portadores de hepatite alcoólica inclui longos períodos de uso excessivo de bebidas. “O paciente costuma ser um consumidor crônico, que bebe quantidades altas de álcool quase diariamente”, aponta Rodrigues.

Além de ser um estágio de desenvolvimento da cirrose, doença com alta taxa de mortalidade, a hepatite alcoólica tem no seu caráter silencioso um outro grande perigo. “O consumo contínuo lesa as células do fígado lentamente, por isso 95% dos casos são assintomáticos”, comenta o médico, ressaltando que um dos poucos sinais acaba sendo negligenciado. “O crescimento do fígado pode causar dores ao paciente, mas elas acabam associadas a gastrite ou gases. A única forma de diagnóstico é através de exame de sangue”, diz o médico.

Por outro lado, Rodrigues garante que a doença pode ser revertida por completo caso o paciente interrompa o consumo de álcool. “Se assumir a abstinência, o fígado se regenera e volta a funcionar como antes”, pontua.

Carências nutricionais

As lesões no fígado decorrentes da hepatite alcoólica podem ser revertidas com a interrupção do consumo de bebidas. Porém, o gastroenterologista Rodriguo Rodrigues aponta que o tratamento da doença passa por um processo de reeducação alimentar.

“Quem consome muito álcool costuma ter carências nutricionais porque a bebida é uma caloria vazia, traz saciedade sem alimentar a pessoa”, diz o médico.

Rodrigues aconselha também que, nos casos em que o consumo elevado tenha conduzido à dependência química, o paciente seja acompanhado por um psicólogo para enfrentar a abstinência da bebida.

Você pode gostar