Por clarissa.sardenberg

China - O governo de Hong Kong cancelou as conversações com manifestantes pró-democracia nesta quinta-feira, aplicando um duro golpe contra as tentativas de desarmar a crise política que levou dezenas de milhares de pessoas às ruas para exigir eleições livres e pedir a renúncia do líder da cidade, Leung Chun-ying.

A decisão do governo veio após legisladores democráticos terem exigido que autoridades anticorrupção investigassem um pagamento de 6,4 milhões de dólares a Leung quando ele já ocupava o cargo.

Ainda não estava claro quais seriam os próximos passos dos manifestantes, a maioria estudantes, se eles aumentariam os protestos nas ruas ou fariam planos para novos embates. Eles devem dar uma coletiva de imprensa.

Manifestantes pró-democracia discutem com homem enquanto ele se afasta de bloqueio em Hong KongReuters

“O pedido dos estudantes de expansão de um movimento não-cooperativo abalou a confiança das bases de nossas conversas, e será impossível ter um diálogo construtivo”, disse a chefe de gabinete Carrie Lam na véspera do planejado diálogo.

Ela culpou a reivindicação dos estudantes pelo sufrágio universal, o qual, segundo ela, não está de acordo com a mini-Constituição desse centro financeiro asiático - a Lei Básica. Ela também culpou o que chamou de ocupação ilegal de partes da cidade.

Horas antes, o Departamento de Justiça de Hong Kong tinha concedido aos promotores a responsabilidade pela investigação do pagamento de negócios feito a Leung por uma companhia australiana de engenharia.

Parte das atribuições incluem “considerar e decidir se cabe ação da promotoria” contra Leung, que se recusou a deixar o cargo nas últimas semanas após os protestos.

O departamento disse que sua decisão buscava evitar “qualquer possível percepção de tendência, parcialidade ou influência imprópria”.

Líderes do Movimento Estudantil de Hong Kong em coletiva de imprensa nesta quinta-feiraEFE

A campanha contra Leung, ex-fiscal de propriedades e filho de um policial, foi estendida das ruas para as câmaras legislativas, onde democratas ameaçaram vetar grandes decisões e potencialmente causar uma paralisação de implementação de políticas.

A imprensa australiana relatou nesta semana que a empresa de engenharia UGL pagou a Leung um total de 6,4 milhões de dólares em 2012 e 2013 em relação a sua aquisição da DTZ, uma consultoria de propriedades que empregou Leung como diretor para Ásia e Pacífico antes de ele assumir o cargo de administrador do território em julho de 2012.

O gabinete de Leung negou irregularidades. A DTZ não estava imediatamente disponível para comentar, ao passo que a UGL disse não ter obrigação de discutir o acordo.

Como parte do contrato que Leung assinou com a UGL em dezembro de 2001, ele concordou em promover o “grupo UGL e o grupo DTZ à medida que for requisitado pela UGL, incluindo, mas não limitado a, agir como árbitro e consultor de tempos em tempos”, de acordo com uma cópia vista pela Reuters.

O gabinete de Leung disse em comunicado que tal assistência seria apenas fornecida caso ele não fosse eleito líder de Hong Kong, e considerando que tal assistência não criasse qualquer conflitos de interesse.

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