Por felipe.martins

Genebra, Berlim e Rio - A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez mais um alerta ontem sobre a necessidade de conter o avanço do ebola na África Ocidental. Durante entrevista coletiva em Genebra, o diretor-geral-assistente da OMS, Bruce Aylward, advertiu que se a resposta do mundo à crise do ebola não for intensificada no prazo de 60 dias, “muito mais pessoas vão morrer” e haverá necessidade de lidar com os números de casos em espiral. “Daqui a dois meses, o número de novos casos pode chegar a dez mil por semana”, disse o diretor. Os países mais afetados são Serra Leoa, Guiné e Libéria.

OMS estima que só esta semana 9 mil casos de ebola sejam registrados. Doença já fez 4.447 óbitosEfe

Segundo a OMS, em um mês, houve cerca de mil novos casos por semana — incluindo suspeitos, confirmados e prováveis. O número de mortos até o momento chegou à marca de 4.447 dos 8.914 casos registrados.

Aylward informou que a doença chegou agora a “muito mais bairros, condados e municípios” do que há um mês, e disse que o número de casos continuaria a subir. “Vamos ultrapassar os 9 mil casos esta semana”, advertiu ele a jornalistas na sede da OMS em Genebra.

Num esforço para conter a disseminação do vírus, Grã-Bretanha e Estados Unidos começaram a checar passageiros vindos das áreas afetadas em aeroportos. Na Alemanha, um sudanês infectado por ebola, que era funcionário das Nações Unidas e fora transferido da Libéria para receber tratamento, morreu ontem na clínica de St. Georg, em Leipzig. Na clínica universitária de Frankfurt segue internado um médico de Uganda que trabalhava em Serra Leoa.

Na Espanha, a enfermeira Teresa Romero, que foi o primeiro caso de contágio fora da África Ocidental, apresentou pequena melhora do quadro. Outra enfermeira infectada pelo vírus nos Estados Unidos, ao tratar de um paciente liberiano que morreu quarta-feira em hospital do Texas, Nina Pham, continua em estado estável.

A ministra dos Transportes da Libéria, Angeline Cassell-Bush, colocou-se em quarentena voluntária, após seu motorista morrer de Ebola no fim de semana.

Guineano aguarda alta

No Rio, após ser descartada a possibilidade de ter contraído o vírus ebola, por meio de um segundo exame clínico negativo, o guineano Souleymane Bah, de 47 anos, deve receber alta médica a qualquer momento, mas irá evitar o assédio de jornalistas. Ele está internado desde sexta-feira no Instituto Nacional de Infectologia (INI) Evandro Chagas, da Fiocruz, depois de ter sido transferido de unidade do Paraná.Ele ficou preocupado com o preconceito que ainda pode vir a sofrer, principalmente assim que soube dos comentários racistas feitos nas redes sociais.

Souleymane, que fala francês e se comunicou o tempo todo com os profissionais de saúde do INI parcialmente em inglês, ficou aliviado quando soube que não tinha ebola.


Zuckerberg doa R$ 60 milhões

O cofundador da Microsoft, Bill Gates, e o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciaram doações que totalizaram US$ 75 milhões de dólares (cerca de R$ 180 milhões) na luta contra o ebola. O anúncio da doação de Zuckerberg, de US$ 25 milhões (cerca de R$ 60 milhões), foi feito ontem. O dinheiro será revertido para os Centros Americanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), para ajudar no combate à epidemia do vírus.

“A epidemia de ebola está em um momento crítico. O vírus infectou 8.900 pessoas até o momento, mas tem se espalhado muito rapidamente e alguns preveem que poderia contaminar 1 milhão de pessoas, ou mais, daqui a vários meses se nada for feito para combatê-lo”, explicou o jovem proprietário em sua rede social. “Precisamos controlar o vírus ebola em curto prazo para que ele não cresça ainda mais e não se torne uma crise de saúde global”, acrescentou em um post na rede.

“Esperamos que isso ajude a salvar vidas e a conter a epidemia”, indicou o chefe do Facebook. A fortuna pessoal de Mark Zuckerberg foi avaliada em US$ 32,4 bilhões de dólares pela revista ‘Forbes’.

Já o cofundador da Microsoft, Bill Gates, doou recentemente, via sua Fundação Bill e Melinda Gates, US$ 50 milhões para as agências da ONU e organizações internacionais na luta contra a doença.

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