Por leonardo.rocha

França - A França iniciará um “dispositivo de controle” na chegada dos voos que procedem da “zona afetada pelo vírus” do ebola, sem especificar quais países, anunciou a presidência nesta quarta-feira em comunicado.

O anúncio aconteceu após uma conversa do presidente francês, François Hollande, com seu colega dos Estados Unidos, Barack Obama, e com os chefes de governo de Alemanha, Reino Unido e Itália, na qual Paris também assegurou que vai construir novos centros de tratamento contra a doença em Guiné.

França pretende fechar o espaço aéreo para países afetados pelo ebolaOsvaldo Praddo / Agência O Dia



“O conjunto de dirigentes mostrou sua solidariedade com os países afetados e pediram a mobilização da comunidade internacional e da União Europeia, em estreita coordenação com as Nações Unidas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os países envolvidos”, afirmou a nota da presidência francesa.
Na videoconferência, Hollande explicou que seu país iniciará controles sanitários nos passageiros dos voos procedentes da “zona afetada pelo vírus”, mas não especificou a que países será dirigida a medida nem em que consistirá.

Além disso, disse que seu país construirá novos centros de tratamento em Guiné que se somam ao já existente em Macenta, e informou do envio de pessoal de proteção civil a esse mesmo país para formar as autoridades guineanas.

Nos últimos dias, se multiplicaram os contatos entre os líderes das potências ocidentais para tentar deter a epidemia que fez soar todos os alarmes. Há apenas dois dias, Hollande e Obama já haviam abordado o mesmo problema em uma conversa por telefone na qual também pediram uma maior mobilização dos organismos internacionais. A iniciativa francesa segue à decisão britânica de começar ontem, terça-feira, os controles sanitários no aeroporto londrino de Heathrow.

Os exames, a cargo da Public Health England (PHE) – a autoridade sanitária dependente do Serviço de Saúde Pública britânica (NHS) -, são realizados por enfermeiras e especialistas médicos, que medem a temperatura de viajantes procedentes de zonas de risco.

Esses passageiros devem, além disso, responder a um questionário no qual se lhes pergunta por seu estado atual de saúde, seu histórico recente de viagens e se poderiam representar um risco potencial, embora não existam voos diretos com os principais países de África Ocidental mais afetados pelo vírus.

Amanhã, quinta-feira, os ministros da Saúde da União Europeia se reunirão em Bruxelas para coordenar a aplicação de medidas destinadas a detectar possíveis casos de ebola e evitar sua propagação em território europeu. No encontro se falará da possibilidade de estabelecer controles nos aeroportos similares aos hoje anunciados pela França.

Na sexta-feira passada, a ministra de Saúde francesa, Marisol Touraine, apresentou a estratégia nacional de proteção contra o vírus e insistiu que seu governo vai jogar a carta da transparência, para evitar que “se amplifique a inquietação entre a população”. O protocolo francês passa pelo isolamento dos pacientes em um dos 12 hospitais de referência, além de um acompanhamento de todos os médicos que os tratam.

A França conta, além disso, com o hospital militar de Bégin pronto para receber infectados que precisem ser repatriados, como aconteceu em meados de setembro com uma voluntária da Médicos Sem Fronteiras (MSF) que, após vários dias nesse centro dos arredores de Paris, superou a doença.

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