Por bferreira

Rio - Ter uma longa e reconfortante noite de sono é um desejo que todos nutrem. Mas para a britânica Beth Goodier, de 20 anos, dormir é um verdadeiro pesadelo. Portadora da Síndrome de Kleine-Levin, popularmente chamada de Síndrome da Bela Adormecida, a jovem costuma dormir até 22 horas por dia, o que a impede de ingressar na universidade ou deixar a casa da mãe, Janine.

Beth fica dentro de casa com a mãe vendo televisão nas poucas horas de vigília Reprodução

Os surtos da doença duram de dois a 30 dias, período em que a pessoa alterna sono profundo com vigília parcial. Segundo a especialista em medicina do sono Carolina Carmona, a doença, que afeta mil pessoas em todo o mundo, produz transtornos para além do sono interminável. “Ao despertar, os portadores tendem a confundir sonho com realidade e ficam limitados a cumprir as tarefas de casa. Além disso, também sofrem mudanças comportamentais”, diz a fisioterapeuta.

No caso de Goodier, a síndrome provoca atitudes infantis, que fazem com que necessite cuidados constantes da mãe. Esta chegou a abandonar o trabalho devido à doença da filha, que se manifestou pela primeira vez há quatro anos.

De causa desconhecida, a Síndrome da Bela Adormecida também não tem tratamento preciso. “Não há como curar a doença. A solução é simplesmente esperar que o paciente acorde”, explica Carolina.

SINTOMAS DURAM 15 ANOS

Em geral, a doença, que afeta mais homens que mulheres, se inicia durante a adolescência e desaparece de forma natural cerca de 15 anos depois. Muitas vezes confundida com males como epilepsia e narcolepsia, o diagnóstico da síndrome não é fácil. Geralmente, o caminho trilhado pelos médicos é excluir outras possibilidades. “Por isso, é importante estar atento em crianças que dormem demais ou sintam muita sonolência durante o dia. Pode ser um indício de surgimento futuro da síndrome”, aconselha a especialista.

“Não é bonito, é horrível”

“Não é bonito nem romântico, é horrível”. É assim que Beth Goodier define a Síndrome da Bela Adormecida. Com a doença há quatro anos, ela não pode estudar e precisa de cuidados constantes.

“Estou na idade de morar sozinha, mas não posso. É muito frustrante”, diz a jovem de 20 anos. Quando está acordada, ela assiste televisão. “Beth vê os mesmos programas várias vezes, pois gosta da previsibilidade”, conta sua mãe, Janine.

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