Por tamara.coimbra

Índia - A polícia deteve o médico que fez as cirurgias de esterilização em massa no Centro da Índia, que causaram a morte de 13 mulheres e levaram à internação hospitalar de dezenas, informou nesta quinta-feira o inspetor-geral da Polícia, Pawan Deo.

O médico R.K Gupta foi detido para interrogatório nesta quarta no estado de Chhattisgarh, disse Pawan Deo. As mortes foram causadas, aparentemente, a partir de envenenamento do sangue ou choque hemorrágico, que ocorre quando uma pessoa perde muito sangue, disse o vice-diretor de saúde do estado, Amar Singh.

O médico R.K Gupta realizou cirurgias de esterilização que causou a morte de 13 mulheresReuters

As cirurgias foram feitas no último sábado em um acampamento sanitário e causaram várias complicações de saúde às mulheres. O médico operou, em apenas cinco horas, 83 mulheres, todas com idade inferior a 32 anos, no âmbito de um programa estatal de esterilização para reduzir o crescimento populacional.

Nesta quarta-feira, manifestantes pediram a demissão do chefe do Executivo do estado de Chhattisgarh, Raman Singh, depois da morte das mulheres.

População indiana

O governo da Índia — preocupado com o rápido crescimento em um país cuja população atingiu 1,3 bilhão — oferece esterilização gratuita a mulheres e homens que querem evitar o risco e o custo de ter um bebê, embora a grande maioria dos pacientes seja mulher.

Em muitos casos, eles oferecem dinheiro para a população passar pela cirurgia — de 25 a 51 reais — ou cerca de uma semana de salário para um pobre na Índia. Centenas de milhões de indianos vivem na pobreza. Não ficou imediatamente claro se as mulheres em Bilac foram pagas para serem submetidos às operações do último sábado.

A Índia tem a maior taxa do mundo desse tipo de procedimento em mulheres, com cerca de 37% da população feminina submetida a cirurgia. Na china, 29% se submete a esterilização, de acordo com estatísticas apresentadas pela Organização das Nações Unidas em 2006. De 2011 a 2012, o governo disse que 4,6 milhões de indianas foram esterilizadas.

Enquanto o governo central da Índia deixou de fixar metas para esterilização das mulheres na década de 1990, ativistas como Brinda Karat, da Associação Democrática para Mulheres da Índia, dizem que os governos estaduais ainda definiriam cotas de esterilização que levam as autoridades de saúde a aconselhar pacientes a passarem por cirurgia ao invés de aconselhá-los sobre outras formas de contracepção.

"Essas mulheres se tornaram vítimas por causa da abordagem baseada em um alvo para o controle da população", disse a jornalistas Karat nesta terça-feira enquanto exigia a renúncia do ministro da Saúde do Estado.

Com informações da Agência Brasil e do iG

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