Por thiago.antunes
Rio - E em breve, as aulas recomeçam, e a agitação da rotina estudantil pode levar a problemas de saúde que passam despercebidos em meio a livros e provas. Pelo menos 22% dos universitários têm pressão arterial alta e não sabem, revelou levantamento da Faculdade Anhanguera de Campinas, em São Paulo. Além da pressão anormal, boa parte apresenta excesso de peso, outro fator de risco para doenças cardiovasculares, como enfarte e acidente vascular cerebral (AVC), e que também pode ocasionar complicações renais no futuro.
Acima do peso%2C sedentário e sem saber se é hipertenso%2C Mitian se enquadra no perfil de risco da pesquisaAndré Luiz Mello / Agência O Dia

De acordo com Priscila Sperling, uma das autoras da pesquisa, o estudo, que surgiu a partir de campanha da faculdade para alertar os estudantes sobre a morte súbita — aquela ocorrida até 24 horas depois do aparecimento de sintomas —, apresentou resultados alarmantes. “Imaginávamos, que, por serem jovens, não teriam grandes alterações na pressão. Se a gente pensar que eles têm décadas de vida pela frente, precisam se cuidar com urgência”, analisou a enfermeira e professora.

O trabalho de Priscila e Simone Andery-Pinto ouviu 292 jovens, com idade média de 29 anos. Entre as moças, 14% apresentaram pressão acima do ideal. O índice entre os rapazes foi de 36,5%. Para o cardiologista do Hospital São Lucas, Thiago Ribeiro, as taxas elevadas são fruto da rotina dos universitários. “Eles ficam estressados com provas, não têm tempo para se exercitar e adquirem hábitos alimentares ruins”, diz.
Publicidade
O levantamento constatou ainda que 60% dos homens e 34% das mulheres estão obesos ou com sobrepeso. Já o sedentarismo alcança 70% das meninas e 52% dos garotos. Mitian Barbosa, 26 anos, se enquadra no perfil de risco traçado pelo estudo. Com quilos a mais e sem fazer exercício, o estudante não sabe se sofre de hipertensão. “Eu nunca tive sintomas, mas faz alguns anos que não meço a pressão. Não tenho como saber”.
Para prevenir os efeitos da pressão alta, Thiago Ribeiro aponta a necessidade de os jovens mudarem os hábitos, reduzindo o consumo de sal e álcool e a praticando atividades físicas diárias. “Na maioria dos casos, quem perde 5% do peso consegue deixar de sofrer de hipertensão e de seus efeitos colaterais sem precisar de medicamentos”.
Clique na imagem para ampliar o infográficoArte%3A O Dia

O cardiologista da Universidade Federal de Campinas, Fernando Piza, explica que nem toda atividade é ideal para diminuir a pressão. Segundo ele, exercícios aeróbicos, como correr, são os mais importantes para prevenir doenças cardíacas. “Já a musculação, por exemplo, não tem influência direta no combate a esses problemas”.

Publicidade
Hipertensão é porta de entrada para outros males
A Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada em dezembro, pelo IBGE, mostra que um em cada cinco brasileiros (31,3 milhões de pessoas) sofre de hipertensão, doença considerada a porta de entrada para uma série de outros problemas. Segundo Thiago Ribeiro, o caráter silencioso é o grande mal da pressão alta. “A hipertensão é normalmente assintomática. Quando o paciente fica anos sem tratamento, ela sobrecarrega os órgãos e, no futuro, gera doenças coronarianas”, aponta o cardiologista. 
Publicidade
Quem descobre que sofre de hipertensão arterial deve buscar um médico imediatamente, aconselha o especialista. Antes de qualquer medida, é preciso realizar exames para medir os efeitos já causados pela pressão alta sobre o corpo. “Testes como fundo de olho e ecocardiograma mostram quais estragos já foram causados pela doença”.
O cardiologista alerta que esses exames preliminares podem trazer boas oportunidades de recuperação aos hipertensos. “Se não for constatada nenhuma lesão, o paciente tem até seis meses para mudar seus hábitos e livrar-se da doença”.
Publicidade