Por bferreira
França - A polícia francesa mobilizou ontem 88 mil agentes na caçada aos irmãos Chérif e Said Kouachi, de 32 e 34 anos, identificados como dois dos responsáveis pelo atentado que na manhã de quarta-feira matou 10 pessoas da equipe do jornal ‘Charlie Hebdo’ e dois policiais. Foram feitas buscas e cercos em vários pontos do país, incluindo a região Picardy, no norte do país, onde o dono de um posto de gasolina contou ter visto os dois, armados, num carro do modelo Clio.
Os atiradores invadiram a sala onde estava acontecendo uma reunião de pautaDivulgação / Le Monde

Milhares de policiais foram enviados à região. Durante todo o dia, eles entraram em casas e prédios comerciais e fizeram buscas em regiões de mata, mas não encontraram nenhum dos dois suspeitos. Um carro Clio foi achado abandonado perto do posto.

À tarde, o primeiro-ministro Manuel Valls informou que a região de Picardy foi incluída na área considerada de alto nível de segurança, além da Île-de-France, que inclui Paris. O policiamento foi reforçado e grupos de policiais ocupam ruas, estradas e pontos de circulação de turistas.
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Policiais confirmaram ontem que os dois irmãos são franceses com ascendência argelina. Eles foram identificados como autores do atentado porque Saîde deixou sua carteira de motorista no carro usado na fuga logo após o atentado.

A polícia confirmou ainda que Chérif foi condenado, em 2008, por terrorismo por participar de uma rede que selecionava na França e enviava ao Iraque, para combater as forças americanas de ocupação, de jovens de origem árabe. A pena foi de 18 meses de prisão.

Segundo o jornal francês ‘Libération’, os dois ficaram órfãos na infância e foram criados em orfanatos em Rennes. Depois, passaram a viver na casa de um muçulmano, que os influenciou.

Na manhã de ontem, o jovem Mourad Hamyd, de 18 anos, apontado pela polícia como motorista de um dos carros que transportaram terroristas, se apresentou. Ele, que é cunhado de Chérif, alegou que na hora do crime estava assistindo a aulas em Charleville Mezieres, cidade a 230 quilômetros de Paris, onde mora.

O jovem disse que se apresentou porque meios de comunicação divulgaram seu nome com sendo de terrorista. Em redes sociais, colegas de turma confirmaram que ele estava na sala de aula.
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Homenagens nas ruas continuam
Ontem, milhares de franceses voltaram às ruas para defender a liberdade de expressão e homenagear as vítimas do atentado no ‘Charlie Hebdo’. Em frente à sede do jornal, foram acesas velas e colados cartazes com a frase ‘Je suis Charlie’ (Eu sou Charlie, na tradução em português).
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Pessoas circulavam ou se concentravam em praças com cartazes com a mesma inscrição. À noite, a Torre Eiffel, um dos principais cartões-postais de Paris, apagou suas luzes por alguns minutos em homenagem aos cartunistas e jornalistas assassinados.
Três atentados contra estabelecimentos de árabes foram registrados ontem. Em Villefranche-sur-Saône, no sul da França, bomba artesanal foi lançada contra um restaurante perto de uma mesquita. Ninguém se feriu.
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Em Le Mans, na região central, três granadas foram arremessadas contra uma mesquita. O prédio foi afetado, mas ninguém se feriu. O terceiro foi em Port-la-Nouvelle, também no sul. Homens atiraram contra sala de orações usada por muçulmanos. Não havia ninguém no local.
À noite, dois carros explodiram numa concessionária de Paris. A polícia não confirmou se foi um atentado.
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Policial é assassinada em Paris
Uma policial de Paris foi assassinada e um funcionário do serviço municipal de limpeza ferido gravemente no início da manhã de ontem em Montrouge, no Sul da capital francesa. Segundo testemunhas, houve um acidente de trânsito, e a agente registrava a ocorrência quando um homem desceu de um carro usando colete à prova de balas e com um fuzil e atirou contra ela.
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Atingida pelas costas, ela morreu na hora. Uma bala acertou o funcionário da limpeza, que foi levado em estado grave para um hospital local. O agressor fugiu.
O caso é tratado como atentado terrorista pela polícia francesa. Mas o ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, afirmou que ainda não é possível dizer se a morte da policial tem a ver com o atentado no jornal ‘Charlie Hebdo’ no dia anterior.
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O governo francês mantinha detidas ontem pelo menos sete pessoas suspeitas de colaborar com a organização do atentado ou com a fuga dos dois irmãos. A maioria seria de pessoas ligadas a eles, principalmente parentes.
Ontem, foi reforçada a segurança em pontos turísticos e outros locais de grande circulação de pessoas na França, como universidades. Nos museus e monumentos, visitantes e funcionários eram obrigados por policiais a se identificar com documentos e passar por detectores de metais.
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