Por clarissa.sardenberg

Itália - Anistia Internacional (AI) acusou nesta quarta-feira a União Europeia (UE) de "esconder a cabeça na areia" a respeito da imigração por mar após o desaparecimento de aproximadamente 300 pessoas que tentavam chegar ao litoral europeu no canal da Sicília.

Em comunicado, a AI diz que os países-membros da UE deveriam "se envergonhar" após o trágico incidente ocorrido na segunda-feira, quando um número ainda indeterminado de imigrantes africanos morreu afogado ou de frio quando tentava chegar a território europeu, procedente da Líbia.

O diretor do programa da Europa e da Ásia Central da Anistia, John Dalhuisen, condena na nota que não tenha sido iniciado um "substituto adequado" do dispositivo de resgate italiano "Mare Nostrum", que terminou suas atividades no dia 1º de novembro.

Imigrantes africanos morreram afogados tentando chegar na Itália Reuters

Essa operação foi substituída pela do controle de fronteiras "Tritão", que a prefeita de Lampedusa, Giusi Nicolini, disse nesta quarta-feira que "não serve para nada" e pediu que haja uma mudança, já que não serve para salvar vidas. "Tritão" conta com menos embarcações que "Mare Nostrum" e não pode se aproximar do litoral líbias.

"A crise humana que resultou a necessidade de iniciar 'Mare Nostrum' não desapareceu. Com gente que continua fugindo da guerra e da perseguição, os Estados-membros da UE precisam deixar de esconder a cabeça na areia enquanto centenas de pessoas continuam morrendo no mar", afirmou Dalhuisen.

Entenda 

Segundo números do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR), o número de imigrantes que chegaram por mar em janeiro de 2015 registrou um aumento de 60% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, quando "Mare Nostrum" operava. Isso demonstra, segundo a AI, que eram incorretas as acusações que o dispositivo anterior, por ser mais humanitário, encorajava os imigrantes da África Subsaaariana a se aventurarem no mar em busca de uma nova vida na Europa.

Para a Anistia Internacional, "Tritão não foca na busca e no resgate, não opera de forma rotineira em águas internacionais e sua escala é muito menor" que a de "Mare Nostrum". "É uma equação simples: se aumenta o número de pessoas que tomam essa perigosa rota marítima e os recursos de busca e resgate diminuem, mais pessoas morrerão", disse John Dalhuisen.

Sobre a tragédia de segunda-feira, a AI diz que "é possível que a guarda-costeira italiana tenha feito o possível com os recursos que tinha, mas claramente não eram suficientes". "Se os membros da UE não se comprometerem a aumentar a capacidade de busca e resgate no Mediterrâneo, este tipo de tragédia só vai se multiplicar", alertou o porta-voz da entidade.

Com informações da EFE

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