Rio - Um pequeno filme postado no canal de vídeos YouTube nesta quarta-feira pelo famoso artista de rua Banksy mostra a destruição em Gaza. O último trabalho de Banksy mostra uma intervenção pelos escombros que restam no local após sequências de bombardeios. "Bem vindo a Gaza...bem longe dos destinos turísticos. Os moradores gostam tanto que nunca vão embora (pois não é permitido)", mostra o irônico vídeo do artista cuja identidade permanece não revelada.
Uma das imagens pintadas pelo artista é um gato com um laço rosa que parece bruincar com uma bola de arame. "Esse gato mostra ao mundo inteiro que ela está perdendo alegria em sua vida", diz um palestino. "O gato encontrou algo prar brincar, mas e quanto às nossas crianças?", completou apontando para um grupo reunido que brincava na rua, ou no que restou dela.
Em seu site oficial, Banksy contou que ao olhar a imagem do gato, um homem se aproximou dele e perguntou: "Por favor, o que significa?" "Expliquei a ele que queria chamar atenção para a destruição em Gaza ao postar as fotos no meu site, mas que na Internet as pessoas só olham para fotos de gatinhos", contou o artista.
"Gaza é frequentemente descrita como a 'maior prisão ao ar livre do mundo' pois ninguém tem permissão de entrar ou sair. Mas isso me parece injusto com as prisões — eles não têm sua eletricidade e água cortadas quase todos os dias", desabafou Banksy. Segundo uma avaliação recente da ONU, há um número grande de pessoas que ainda não têm acesso à rede de água municipal e apagões de até 18 horas por dia são comuns.
"Se lavarmos as mãos do conflito entre os poderosos e os sem poder, ficamos ao lado dos poderosos — nós não permanecemos neutros", é o que se vê escrito em um muro no final do vídeo, parafraseando o educador brasileiro Paulo freire.
Recentemente, o diretor da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) declarou que "as pessoas estão literalmente dormindo entre escombros, crianças têm morrido de hipotermia". Segundo ele, 5,4 bilhões de dólares foram prometidos na Conferência de Cairo no último outubro e virtualmente nada chegou à Gaza. "Isso é angustiante e inaceitável", disse.