Por bferreira

Rio - O Estado do Rio está em alerta para a malária. Nas últimas três semanas, foram confirmados 14 casos da doença, quase o dobro do total registrado em todo o ano de 2014, que foi de oito. A transmissão ocorreu na Região Serrana. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) e a Fiocruz estão investigando o motivo do aumento das infecções. Ainda não há uma explicação, mas entre as hipóteses estão a alta intensidade de calor e chuvas na área — o que eleva o número de insetos transmissores —, além do maior número de pessoas no local na época de férias e Carnaval.

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De acordo com a SES, o panorama não configura surto. Os pacientes contraíram a doença em locais cobertos por densa área de Mata Atlântica, onde o mosquito vetor habita. Eles foram atendidos no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, e passam bem. Não houve internações.

O superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe, explica que os casos aconteceram em áreas com histórico de malária, e três pacientes são da mesma família. Os prováveis locais de oito das infecções são os municípios de Miguel Pereira, Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis. A origem dos outros seis episódios permanece em investigação.“Os casos não ocorreram nos centros das cidades, mas em regiões remotas. Não é um fenômeno grave e nem é preciso mudar os hábitos”, esclarece ele.

O alerta é apenas para as pessoas que irão visitar as regiões próximas à Mata Atlântica, devido ao forte calor, que favorece o desenvolvimento do mosquito. Segundo Chieppe, não há risco de a malária ‘migrar’ para outros locais, como a capital do estado. Isso porque o mosquito vetor da doença é adaptado ao meio silvestre e não vive bem na realidade urbana. Além disso, entre pessoas, a doença só é transmitida pelo contato com sangue contaminado, em transfusões e transplantes, por exemplo.

O Ministério da Saúde financia um estudo da Fiocruz, em parceria com o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (Fundão) para sequenciar o genoma do parasito transmissor da doença, encontrado na Mata Atlântica. O objetivo é identificar a origem dele e o envolvimento de outros animais, como macacos, no ciclo de transmissão da doença. “Identificar estes fatores nos ajudará a traçar estratégias para a eliminação da malária”, avalia Cláudio Ribeiro, chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária do Instituto Oswaldo Cruz.

Sintomas mais brandos

As pessoas infectadas no Rio contraíram uma forma mais branda da malária do que a encontrada na Amazônia. Existem quatro protozoários que transmitem a doença, mas o presente no estado (Plasmodium vivax) é menos grave.

Alberto Chebabo, infectologista do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital do Fundão, um dos centros de referência da doença, diz que a ‘malária do Rio’ apresenta evolução lenta e raramente resulta em casos graves. Mas se não for diagnosticada e tratada pode trazer complicações, como comprometimento do fígado e do sistema nervoso central.

“É bem pouco provável que o parasito mais grave, presente na Amazônia venha para o Rio. Há mais de 40 anos, ele não é visto no estado”, declara.

Pessoas com sintomas da doença (febre, dor no corpo e vômito) devem procurar o médico e avisar se estiveram em locais com histórico de transmissão do mal. “Na região amazônica, 60% dos casos são identificados nas primeiras 48 horas, diferentemente do que ocorre na região extra-amazônica, onde, na maioria das vezes, o médico não considera a malária como uma das possibilidades. Menos de 20% dos casos são tratados nesse período inicial”, alerta Cláudio Ribeiro. Para ajudar profissionais, a Fiocruz tem o Malária-Fone que funciona 24 horas: (21) 99988-0113.

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