Nova Délhi - A Índia pediu ao Youtube para remover todos os links para o controverso documentário sobre o estupro coletivo e assassinato de uma mulher em Nova Délhi após proibir sua exibição, disse uma autoridade do governo nesta quinta-feira.
O filme "India's Daughter" ("Filha da Índia"), de Leslee Udwin, apresenta uma entrevista com Mukesh Singh, um dos quatro homens condenados à morte por estuprar e torturar uma mulher de 23 anos em um ônibus em movimento, em dezembro de 2012.

No documentário, Singh culpa a vítima pelo crime e diz que mulheres são mais responsáveis que os homens por estupros.
"Nós só encaminhamos a ordem do tribunal e pedimos para eles (Youtube) respeitarem", disse um oficial do Ministério de Comunicações e Tecnologia da Informação.
Ainda é possível assistir a trechos do documentário em sites. "Nós acreditamos que acesso à informação é a fundação da sociedade livre... nós continuamos a remover conteúdos que são ilegais ou infringem as regras da nossa comunidade, quando notificados", disse um porta-voz do Google, controlador do site de compartilhamento de vídeos Youtube.
Polêmica na web
Os comentários de Singh causaram tumulto nas redes sociais e recomeçaram o debate sobre igualdade de gêneros na Índia. Quando questionado como teve coragem de cometer um ato tão horrendo, Singh respondeu: "Ela era uma mendiga, a vida dela não tinha valor".
Os homens que estupraram a jovem foram condenados à morte por enforcamento. Diversos protestos começaram ao redor do mundo e no país após a morte da jovem.
"Uma garota decente não estaria perambulando por aí às nove da noite. Uma garota é muito mais responsável por um estupro do que um garoto", disse o motorista do ônibus em que ocorreu o estupro coletivo.
"Quando está sendo estuprada, ela não deve lutar. Ela deve apenas ficar em silêncio e permitir o estupro. Então, eles teriam deixado ela depois (do estupro) e apenas teriam espancado o menino", afirmou.
O homem ainda ameaçou outras mulheres dizendo que agora as coisas serão mais difíceis para elas. Parte da produção que será lançada no próximo dia 8 (Dia Internacional da Mulher) foi exibida pela BBC britânica nesta semana.
'Garota decente não sairia à noite', diz condenado à morte por estupro coletivo