Por bferreira

Venezuela - A Assembleia Nacional da Venezuela aprovou, na madrugada de quarta-feira, uma lei que dá poderes especiais ao presidente Nicolás Maduro para governar por decreto durante seis meses. A medida é uma resposta à declaração do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de que a Venezuela constitui uma “ameaça à segurança dos cidadãos norte-americanos”. A medida precisa ser ratificada em votação marcada para domingo.

A lei anti-imperialista, como foi denominada, foi um pedido feito por Maduro ao Parlamento em discurso na terça. “Venho pedir uma lei habilitante para defender a paz diante da ameaça dos Estados Unidos. Essa é uma lei que me permitirá agir nos complexos cenários que virão para a Venezuela”, disse.

'A Venezuela não pode ser a Líbia nem o Iraque; a Venezuela é América do Sul, um território de paz. Assumo toda a responsabilidade de proteger minha pátria, de ameaças”, disse Nicolás MaduroEfe

O governante venezuelano enxerga o risco de uma intervenção militar dos Estados Unidos ao país na fala de Obama. Na segunda, o presidente americano aplicou nova rodada de sanções à Venezuela. Sete autoridades do país tiveram seus bens nos EUA congelados e vistos suspensos por violações dos direitos humanos em protestos no ano passado. Uma delas é Gustavo González López, ex-chefe do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) e nomeado ministro do Interior na terça como retaliação à ordem de Obama.

O presidente venezuelano ordenou às Forças Armadas a realização de um “exercício defensivo” em todo o país e chamou a população a participar da operação baseada na estratégia de “guerra de guerrilhas” junto com as milícias e o Exército.

“A Venezuela não pode ser a Líbia nem o Iraque; a Venezuela é América do Sul, um território de paz. Assumo toda a responsabilidade de proteger minha pátria, nossa pátria, de ameaças”, disse Maduro.

Participante das manifestações de rua que convulsionaram o país desde o ano passado e provocaram 43 mortes, a Mesa de Unidade Democrática (MUD), representante da ala moderada da oposição, mostrou-se contra as medidas americanas.

“Recebemos com apreço o apoio da comunidade internacional, mas não admitimos que ela assuma deveres que são nossos”, diz o partido, em comunicado.

As sanções dos EUA também foram mal recebidas em outros países da América Latina. No Equador, o presidente Rafael Correa questionou Obama. “Quem com juízo pode acreditar que a Venezuela é um perigo à segurança dos Estados Unidos?”, apontou o chefe de Estado. O governo de Cuba, principal aliado da Venezuela, afirmou que “a gravidade da ação colocou em alerta os governos da América Latina e do Caribe”.

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