Rio - Incômodos com barulhos rotineiros, como buzinas, trânsito, som da TV e até mesmo de uma conversa podem indicar um problema auditivo pouco conhecido, mas que vem sendo cada vez mais diagnosticado: a hiperacusia. Os portadores do distúrbio têm intolerância até mesmo a ruídos moderados, com intensidade abaixo de 95 decibéis.
Segundo otorrinolaringologista Tanit Ganz Sanchez, a causa está ligada a estresse crônico e estado depressivo ou, em outros casos, a trauma acústico, como som alto de boates. “Quem tem a doença costuma afirmar que escuta muito bem. Mas, na verdade, tem intolerância”, explica a diretora-presidente do Instituto Ganz Sanches.
Para tratar a hiperacusia, é preciso procurar um especialista, que pode recomendar o uso de medicamentos. Tanit sugere fazer exames de audiometria, para identificar que intensidade de volume incomoda o paciente. “A hiperacusia provoca um deslocamento social. Incomodada com ruídos comuns do dia a dia, a pessoa fica isolada, sem conseguir conviver com parentes e amigos”, analisa.
Outro problema ligado à audição é a misofonia, que é diferente: ocorre quando há uma irritação com barulhos repetitivos, como um batuque, a mastigação de alguém ou o estalar dos dedos. A especialista explica que os sons “roubam” a atenção dos portadores da patologia e os deixam com raiva. “O pior é que muitos deles usam fone de ouvido com a música alta para tentar encobrir esses ruídos repetitivos, mas isso pode gerar a perda auditiva. O tratamento da misofonia envolve remédios e exames para treinar a atenção”, alerta Tanit.
Zumbido é ‘ilusão sonora’
O zumbido também merece atenção por parte dos médicos. Ele é considerado uma ‘ilusão sonora’, pois apenas a pessoa ouve. Esse som, por vezes, é comparado a chiados, apitos e pressão. O problema aparece em qualquer faixa etária e pode ser um dos sinais da perda auditiva. Entre as causas estão poluição sonora, diabetes, pressão alta, hipotireoidismo e colesterol alto. O ideal é fazer dieta balanceada, evitando substâncias que interfiram na audição, como gorduras, açúcares e cafeínas. “No ouvido, temos milhares de células que nos fazem ouvir agudos e graves. Quando ele é agredido, algumas ficam danificadas e sobrecarregam as outras. E é por essas outras trabalharem mais que surge o zumbido”, explica a especialista.