França - A análise da primeira caixa preta encontrada na última terça-feira, mostrou, de acordo com reportagem do jornal New York Times, que um dos pilotos saiu da cabine e não conseguiu retornar. Ele é ouvido batendo na porta com crescente urgência em uma tentativa frustrada de voltar.
O chefe do departamento de investigação de acidentes da França Remi Jouty, informou nesta quarta-feira que foram gravadas vozes mas ainda não há uma explicação para o acidente com o avião A320 da Germanwings, que vitimou 150 pessoas.
"No início do voo, é possível ouvir a tripulação falando normalmente, então se escuta o ruído de uma cadeira se movendo e a porta abrindo e fechando. Depois há ruídos que indicam alguém chamando na porta e não há mais diálogo a partir deste momento até a queda", disse a fonte, que teve acesso à caixa-preta, confirmando uma informação do jornal.
"O cara do lado de fora está batendo de leve na porta e não há nenhuma resposta. Então ele bate a porta mais forte e não houve resposta. Nunca há uma resposta", diz o jornal, citando um investigador não identificado. "Você pode ouvir que ele está tentando derrubar a porta".
Nos novos aviões da Airbus, para abrir a porta trancada, um comandante dentro da cabine precisa destravá-la de dentro, através de uma chave no painel. Nas gravações, como não há voz de dentro da cabine, é possível presumir que o piloto que estava no comando não teria experimentado um problema técnico, já que teria relatado a situação.
O investigador, a quem o jornal disse que não pôde ser identificado porque a investigação está em andamento, disse ainda no final da gravação, ouve-se os alarmes que indicam a aproximação com a montanha e que não se sabe por que o piloto deixou a cabine. A fonte também não quis especular sobre por que o outro piloto não abriu a porta ou fez contato com o controle em terra antes do acidente.
As autoridades francesas não deram detalhes sobre a gravação e salientando que a causa do acidente ainda é desconhecida. Mas disseram que a descida foi gradual o suficiente para sugerir que o avião estava sob o controle de seus navegadores.
Remi Jouty disse ainda que "sons e vozes" foram registradas no arquivo de áudio digital recuperado da primeira caixa preta, mas o conteúdo não será divulgado. Enfatizou que seriam necessários dias ou semanas pra decifrá-los totalmente. "É trabalhoso de entender vozes, sons, alarmes e atribuição de vozes diferentes", afirmou.
Lufthansa não confirma a informação
O grupo alemão Lufthansa, ao qual pertence a companhia aérea Germanwings, afirmou nesta quinta-feira que não pode confirmar a informação que um dos pilotos do voo que caiu na terça-feira nos Alpes franceses não se encontrava na cabine no momento do acidente.
Em entrevista à agência de notícias alemã DPA, um porta-voz da companhia aérea disse "não ter atualmente nenhuma informação que possa confirmar o relatório do 'The New York Times'", em referência à informação exclusiva divulgada ontem pelo jornal americano.
No entanto, a companhia aérea se comprometeu a obter toda a informação sobre a tragédia, na qual morreram 150 pessoas, e pediu que não se faça "especulações" sobre as causas do acidente.
Segunda caixa preta
O presidente francês, François Hollande, chegou a declarar que a segunda caixa preta, onde contem as gravações de dados de voo tinha sido encontrada nos escombros, mas estaria faltando o cartão de memória que captura o equivalente a 25 horas de informações sobre a posição e condição do avião. Jouty se recusou a confirmar a descoberta.
Com informações da EFE