Rio - Pacientes com câncer no cérebro estão cada vez mais próximos de ganhar uma opção de tratamento eficaz, barata e sem efeitos colaterais. Pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF) propõe a inalação de álcool perílico, substância extraída de frutas cítricas, para o combate da doença. O câncer de pulmão também poderia ser tratado com o método nacional.
O álcool perílico, que já foi testado em mais de 600 pacientes do Hospital Universitário Antônio Pedro, em Niterói, deve ser inalado durante 15 minutos, quatro vezes ao dia. “As células cancerígenas se duplicam a cada seis horas. O álcool impede o desenvolvimento delas”, aponta o neurocirurgião Clóvis Orlando, coordenador do projeto.
O estudo, pioneiro, foi iniciado há mais de 20 anos e tem apoio da Universidade da Carolina do Sul, Estados Unidos. Com resultados positivos, a expectativa do neurocirurgião é colocar o produto no mercado assim que receber autorização das agências reguladoras.
Segundo ele, o uso do álcool, que não substitui os tratamentos convencionais, como a quimioterapia, é mais eficaz que outros medicamentos por ser inalado. “Ao entrar pelo nariz, ele vai direto para o cérebro. Remédios de via oral precisam passar pelo fígado”, explica.
Além disso, o trajeto direto evita o surgimento de efeitos colaterais. Por isso, a intenção dos pesquisadores é combinar o álcool perílico a outras drogas usadas no combate aos tumores cerebrais. “Com isso será possível evitar as náuseas e outros efeitos provocados por remédios quimioterápicos”, diz Clóvis.
Próximo de comprovar a eficácia do método em pacientes com câncer cerebral, os pesquisadores já buscam sua expansão para o tratamento de tumores pulmonares. “Até 75% do álcool vão para os pulmões. As chances de ele atuar sobre esse tipo de câncer são reais”, garante.