Por felipe.martins

Rio - Poucas crianças vão salivar diante de vegetais, e o esperado são birras e choros de resistência. Mas se os pais não querem transformar as refeições em combates, é preciso mais do que fazer ‘aviãozinho’. Controlar o acesso a doces e envolver os pequenos no preparo da comida são algumas táticas que o britânico Alex Winters incluiu em oito dicas voltadas aos responsáveis.

Todas as técnicas criadas por Winters, apresentador do CBeebies, canal infantil da BBC, exigem a participação dos pais. Nutróloga e integrante da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Tamara Mazaracki concorda com a prerrogativa e lembra que nenhuma criança nasce ‘chata’ para comer. Ela alerta que são os pais que fazem o paladar ficar ‘errado’, quando oferecem alimentos muito doces ou salgados.

“Desse jeito, modificam o paladar da criança, ela fica acostumada a esse tipo de gosto e rejeita tudo o que não é tão saboroso”.

Estabelecer uma dieta saudável exige ainda não desanimar diante da birra. Fernanda Amorim, professora de nutrição infantil do Centro Universitário Celso Lisboa, lembra que os alimentos recusados devem ser oferecidos novamente, porém com nova apresentação. Se a cenoura ralada foi negada, a dica é inserir o legume num suflê.

Júlia%2C 6 anos%2C com os pais%2C Luciana e Roberto. Frutas e legumes fazem parte da rotina Alexandre Brum / Agência O Dia

“Só depois de um alimento ser recusado por dez vezes, em dias e formas de preparo diferentes, é que pode-se chamar de recusa”, explica.

E, se depois da décima tentativa, a recusa persistir, não há motivo para preocupação. Maria Cristina Senna Duarte, pediatra e diretora da Clínica de Vacinação Neovacinas, recomenda trocar o alimento rejeitado por outro do mesmo grupo — substituir cenoura por abóbora, por exemplo. “É preciso horário certo para comer e não misturar alimentação e brincadeira. Os pais devem dar o exemplo”, diz.

A terapeuta floral Luciana Aguiar, 48 anos, segue uma alimentação saudável e acostumou a filha, Júlia, 6, ao mesmo padrão. Verduras e frutas fazem parte da rotina da menina, e o ‘castigo’ se houver birra é comer sopa às segundas-feiras. “Estou fazendo a minha parte para a Júlia ser saudável”.

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As sugestões que o apresentador inglês criou foram divulgadas semana passada. Confira:

Introduza o novo alimento em pequenas porções, para que o paladar da criança não fique sobrecarregado.

Comece oferecendo pequenos pedaços do seu próprio prato. A criança pode precisar de até 15 mordidas para se acostumar ao novo alimento.

Prove o alimento junto com a criança e mostre que você também está disposto a saborear novas comidas.

Mantenha-se sempre positivo com a criança, mesmo em momentos de tensão
Lembre-se sempre que ofertar alimentos açucarados ou doces regularmente vai desenvolver o paladar do seu filho para gostar desse tipo de comida.

Tente fazer da refeição um momento descontraído e relaxado para todos.

Quando possível, envolva a criança na preparação da refeição. Além disso, converse com ela sobre o que você come: qual o aspecto do alimento, de onde vem, de que forma é produzido.

Em vez de utilizar doces como motivação, tente criar uma tabela de recompensas para a criança que nunca envolva guloseimas



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