Por bferreira

Rio - Mulheres costumam viver mais do que homens, mas essa situação está mudando nas últimas décadas. A inserção cada vez maior delas no mercado de trabalho aumentou o estresse, o que se reflete principalmente no número de infartos, uma das maiores causas de morte no Brasil. O fator aproxima a expectativa de vida feminina à dos homens, o que não existia há muitos anos.

Um levantamento de Sociedade Brasileira de Cardiologia apontou que, em 2014, 42% dos óbitos por infarto ocorreram em mulheres. Cinquenta anos antes, no entanto, esse número era de apenas 10%. O médico Antônio Carlos Carvalho, da diretoria da sociedade, acrescenta que a taxa chega a 50% entre os maiores de 70 anos. “Está havendo um crescimento gradativo, especialmente relativo à atividade de trabalhar e cuidar de casa”, explica Antônio.

A avaliação é reforçada por outros especialistas. “Ela está inserida no mercado de trabalho, por isso tem mais estresse, má alimentação, sedentarismo”, relata Stephan Lachtermacher, médico do Instituto Nacional de Cardiologia. Outras mudanças, como o fato de mulheres fumarem tanto quanto homens, também contribuem para os problemas.

Olga Souza, presidenta da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro, vê essa alteração, mas avalia que ainda há costumes diferentes. “A mulher é mais atenta à prevenção do que o homem”, relata. Segundo a cardiologista, muitas vezes o marido só vai ao médico porque a consulta foi marcada pela esposa.

O infarto é mais comum em mulheres idosas porque, após a menopausa, perdem proteção hormonal. “Ela tem uma produção de hormônios benéficos ao sistema cardiovascular”, explica Olga.

Outro problema é que, muitas vezes, os sintomas do problema são menos perceptíveis do que nos homens. “Ao invés da dor ser no centro do peito, ela pode ser mais baixa ou na lateral. E, algumas vezes, é sem dor”, alerta Antônio Carlos. Por isso, muitas mulheres demoram a procurar atendimento médico, o que pode ser fatal. O ideal é intervir no processo em até uma hora.

Você pode gostar