Egito - Militares egípcios mataram por engano 12 turistas, entre eles ao menos dois mexicanos, durante uma operação antiterrorista contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI, ex-Isis) no Deserto Ocidental. De acordo com as autoridades, os turistas viajavam em jipes por uma área considerada de acesso proibido.
"Uma operação conjunta da polícia e do Exército buscava traços de elementos terroristas no deserto quando se deparou com quatro jipes que levavam turistas mexicanos por uma zona proibida. O incidente provocou a morte de 12 e feriu 10, entre mexicanos e egípcios", informou um comunicado do Ministério do Interior.
Por sua vez, a Chancelaria mexicana confirmou que duas vítimas têm nacionalidade do país. Os feridos foram encaminhados ao hospital Dar el-Fouad. A agência de turismo que organizou o passeio não tinha permissão e não havia informado as autoridades sobre a presença de turistas na região, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores do México.

"Eles não deveriam estar ali", comentou um porta-voz. A informação foi confirmada pela porta-voz do Ministério do Turismo do Egito, Rasha el-Azaizi, a qual destacou que é preciso autorização para circulação de turistas na área. Ele também disse que o governo acionará na Justiça os organizadores do tour. A agência de turismo, porém, nega que a área é proibida e afirmou que sempre faz passeios pela região.
Testemunhas relataram que aviões militares começaram a disparar e lançar mísseis contra os turistas, que foram carbonizados. "Alguns tentaram escapar, mas os soldados abriram fogo", relatou ao jornal "El Mundo" um guia que pediu anonimato. O grupo fazia uma rota da capital, Cairo, até o oásis de Bahariya, e deveria passar a noite em um hotel na zona, mas o ataque ocorreu 100 quilômetros antes de chegar ao destino final.
A chanceler mexicana, Claudia Ruiz Massieu, entrou em contato com a embaixada do Egito no México para solicitar mais informações sobre o acidente. "O México condena esse ato contra nossos cidadãos e exige do governo egípcio uma investigação exaustiva do que aconteceu", disse o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, em uma mensagem no Twitter.
O vasto Deserto Ocidental, que faz fronteira com a Líbia, foi ocupado por militantes afiliados ao EI. Centenas de policiais e militares já morreram em operações na região. Ataque - Oito jihadistas do EI decapitaram neste domingo um cidadão egípcio na região do Deserto Ocidental e o crucificaram em uma árvore. A vítima foi acusada de ter colaborado com a polícia. De acordo com fontes locais, o crime ocorreu na mesma região onde a operação militar das forças egípcias matou por engano os 12 turistas.
Testemunhas contaram que os moradores do deserto pediram a intervenção da polícia para procurar os jihadisas, que teriam fugido em veículos 4x4, parecidos com os usados pelos estrangeiros no tour. O turismo é uma das princiais atividades da economia do Egito, porém, desde 2011, com a Primavera Árabe, o número de visitantes caiu de 15 milhões para 10 milhões.
*Com informações ANSA