Por felipe.martins

Rio - Era um dia comum de 2011 quando o administrador Joaquim Paz começou a sentir incômodos em sua mama. Ao fazer uma simples autoavaliação, percebeu um nódulo. À época, casado com uma médica, foi a um mastologista e descobriu algo que parecia impossível: ele tinha um tumor maligno, um câncer de mama.

A rápida descoberta foi fundamental para o tratamento da doença. Com cirurgia e sessões de quimio e radioterapia, a história de Joaquim teve um final feliz.“Depois de uma experiência dessas, sua cabeça muda. Hoje dedico meu tempo a conscientizar as pessoas sobre o câncer de mama masculino. A grande maioria nem sabe que a doença existe. Falo sobre prevenção em todo lugar que vou”, conta Joaquim, que dá palestras em hospitais para divulgar o tema.

Joaquim%2C com os filhos%2C descobriu um nódulo maligno na mama em 2011. Curado%2C dá palestras sobre a doençaAcervo Pessoal

Mas a história pode não terminar tão bem. Apesar de raro — menos de 1% dos casos —, o câncer de mama masculino mata proporcionalmente mais do que entre as mulheres, as maiores vítimas. Segundo o Inca, cerca de 180 homens morrem todos os anos com a doença (36% do total de vítimas), contra 14,2 mil mortes de pacientes femininas (25% do total). Para o oncologista do Grupo Oncologia D’Or, Gilberto Amorim, isso se explica pela falta de conscientização dos homens.

“Não é necessariamente a doença mais grave, mas que enfrenta diversos desafios a serem superados. Além da falta de informação, alguns homens abandonam tratamentos de anti-hormônios orais por causa da falta de libido”, explica. O médico alerta ainda para o risco de o número de casos aumentar nos próximos anos.

Ginecomastia preocupa

Para Gilberto Amorim, é necessário que o homem conheça a sua anatomia para evitar o câncer de mama. “O autoexame é fundamental”, diz. Segundo ele, a obesidade e o uso de anabolizantes contribuem ainda para o crescimento da ginecomastia (aumento da mama).

Um estudo publicado no jornal da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos com 1073 pacientes de ginecomastia, acompanhados após a cirurgia, mostrou que em alguns casos a doença se desenvolveu na adolescência e tornou-se permanente após o uso de esteroides ou suplementos contendo hormônio.

Reportagem da estagiária Marina Brandão

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