Rio - O 35º Congresso Brasileiro de Urologia começa hoje no Rio abordando um tema delicado: o câncer de pênis. Segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Urologia, José de Ribamar Calixto, esse câncer é responsável por mais de 1.000 amputações penianas todos os anos. Isso porque a doença não possui tratamento. O recurso utilizado é a destruição parcial ou total do membro.
Para o especialista, apesar do expressivo número, a doença ainda é muito negligenciada. “As pessoas estão começando a levá-la a sério, mas ainda está muito aquém do que deveria ser. É necessário mais informação e tratamento precoce”, explica Calixto, que também é responsável pelo estudo sobre a genética desse câncer, apresentado no Congresso. A ideia é, futuramente, conseguir impedir o aparecimento de metástases após a retirada do tumor. Com o resultado do trabalho, provavelmente, será possível prever qual tumor poderá se espalhar para outros órgãos.
“Diversos fatores interferem no fato de o câncer se espalhar para outro órgão ou não, como o grau de agressividade do tumor e a idade do paciente (quanto mais jovem, mais grave). Estamos testando para ver se as alterações no DNA da pessoa também podem interferir nessa capacidade de o tumor se espalhar”, explica.
Apesar de não possuir tratamento, a doença é de fácil prevenção: “A causa é a fimose aliada à contaminação do vírus HPV e à falta de higiene do órgão. É um dos pouquíssimos canceres que, através da prevenção, não se desenvolve! Para isso, é preciso fazer da higiene um hábito”.
A dermatologista Renata Roxo segue à risca a recomendação. Mãe de Pedro, 5, e Matheus, 3, ela conta como os protege: “No banho, limpo bem a pele, que é onde fica a sujeira, e tenho a preocupação de enxugar bem depois do xixi. Já vou ensinando. A educação começa desde cedo”.
ÁGUA E SABÃO DEPOIS DO SEXO
Segundo os especialistas, o câncer de pênis é um tumor de fácil prevenção: basta higienizar adequadamente a região puxando o prepúcio e expondo a glande. Confira algumas dicas para prevenção:
Lavar o pênis diariamente com água e sabão, principalmente após relações sexuais ou masturbação.
Ensinar ao menino, desde cedo, como fazer a higiene do pênis. É preciso puxar a pele e limpar bem.
Realizar autoexame mensalmente. Puxe a pele e verifique se há alguma lesão na região.
Realizar exame médico anualmente.
Em pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Urologia em 2007, o Maranhão figurava em terceiro lugar no ranking dos estados com maior índice de câncer de pênis, atrás de São Paulo e Ceará. Entre os sintomas da doença, destaque para caroços que não desaparecem mesmo após tratamento e que apresentam secreções e mau cheiro; vermelhidão ou coceira duradouras na glande (cabeça do pênis) de portadores de fimose; manchas esbranquiçadas ou perda de pigmentação em áreas do pênis, e surgimento de tumores no pênis ou na virilha (íngua).
Reportagem da estagiária Marina Brandão