Por clarissa.sardenberg
Rio - O suspeito que mobilizou uma mega operação da polícia francesa em Paris na manhã desta
quarta-feira já estava no radar de terrorismo do país há um tempo. Abdelhamid Abaaoud, de 27 anos, é suspeito de ser o mentor da série de atentados da última sexta-feira em Paris. Órgãos internacionais apontam uma forte ligação entre Abaaoud e Abu Bakr al-Baghdadi, líder do Estado Islâmico. Provavelmente ele é o líder de operações do grupo na Europa, segundo uma fonte de operações contra o terrorismo da França.

Fotos: Cerco contra o terrorismo em Paris deixa dois mortos

Belga Abdelhamid Abaaoud%2C de 27 anos%2C é suspeito de ser mentor dos ataques em ParisReuters

As forças de segurança acreditam ter neutralizado nesta quarta-feira a célula terrorista que executou os ataques fatais da sexta-feira 13 na Grande Paris — e que, segundo investigações, se preparava para mais uma ofensiva. A Inteligência europeia tem fortes indícios de que o belga Abdelhamid Abaaoud, mentor dos atentados, foi morto na ação, mas somente exames de DNA podem confirmar a suspeita. Oito pessoas foram presas.

Foram sete horas de operação. Entre os policiais, a vítima fatal foi a pastor belga Diesel, de 7 anos, condecorada cadela que havia sido destacada para farejar explosivos. Ela foi atingida tanto pelo fogo cruzado quanto pela explosão.

O comando jihadista desarticulado em Saint-Denis estava pronto para cometer um atentado, em vista da quantidade de armamento encontrado no apartamento, informou o procurador de Paris, François Molins. “A investigação progrediu consideravelmente, e a operação desta noite é a demonstração”, declarou o procurador. O alvo seria o moderno centro empresarial de La Défense, a poucos quilômetros do Arco do Triunfo.

Antes de ativar sua bomba, a mulher morta na ação policial desta quarta, Hasna Aitboulahcen, teria gritado por socorro, enquanto era alvejada por franco-atiradores da polícia.

Síria

Abaaoud foi alvo de bombardeios franceses em Raqqa, na Síria, no último mês, segundo o governo. Segundo fontes de segurança, ele seria o responsável pelo treinamento de militantes estrangeiros e os atentados de Paris teriam sido planejados por ele na Síria.

O jihadista, que aparece em um vídeo dirigindo um carro repleto de corpos, esteve em contato com o homem que tentou abrir fogo dentro de um trem de alta velocidade que ligava Paris a Amsterdã em agosto deste ano.
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Ele e os irmãos Abdeslam, que participaram do ataque, teriam integrado a mesma célula do EI em Molenbek, na Bélgica, antes de Abaaoud partir para a Síria.
Abdelhamid Abaaoud posa na Síria com a bandeira do Estado Islâmico Reuters
Conheça os outros terroristas
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Sete homens, incluindo Abaaoud, foram identificados pelo atentados que deixaram 129 mortos e mias de 300 feridos em Paris, na última sexta-feira:

O foragido Salah Abdeslam, de 26 anos, tem nacionalidade francesa e é considerado uma figura chave nos ataques. Ele participou do ataque à casa de shows Bataclan na última sexta-feira. No sábado, chegou a ser parado pela polícia em Cambrai, no norte da França, com dois passageiros em um Golf preto, mas como a ordem de detenção ainda não havia sido expedida, foi liberado. É considerado um dos idealizadores do ataque e tido como muito perigoso pelas autoridades locais.

O homem-bomba Ibrahim Abdeslam, de 31 anos, participou de um dos ataques em restaurantes da região central de Paris. Ele é irmão de Salah e se matou ao acionar explosivos na Rua Voltaire. Foi ele que alugou o carro Seat preto, encontrado após os ataques, segundo a polícia.

O cidadão de nacionalidade francesa Samy Amimour, de 28 anos, detonou, no Bataclan, um explosivo acoplado ao corpo. Ele morava próximo a Paris. Ele era monitorado pelo governo francês desde 2012 e era procurado internacionalmente.
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Ismail Omar Mostefai, de 29 anos, é o homem-bomba que a Turquia disse ter informado à França a respeito por duas vezes, uma em dezembro de 2014 e a segunda em junho deste ano. Suas digitais foram encontradas em um dedo cortado na casa de shows Bataclan. Segundo a Turquia, Mostefai entrou no país em 2013 e não há registro de saída. A inteligência francesa declarou que vinha monitorando Mostefai desde que ele começou a passar tempo com outros radicais em uma mesquita em 2010. Mostefai viajou para Síria entre 2013 e 2014, o que coincide com a data de sua chegada à Turquia.
O sírio Ahmad al-Mohammad, de 25 anos, participou da ação no Stade de France e suspeita-se que tenha entrado na Europa como refugiado. Quando viu que não conseguiria entrar no local, ele explodiu os explosivos acoplados ao corpo na porta do estádio onde França e Alemanha jogavam. Suas digitais foram registradas por autoridades gregas entre grupo de refugiados que desembarcou em Lesbos no mês passado.
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Bilal Hadfi, de 20 anos, também participou do ataque no Stade de France e morreu como homem-bomba. Ele tinha cidadania francesa e morava na Bélgica. Hadfi teria participado da luta armada na Síria e segundo investigações participou de outros ataques.