Por clarissa.sardenberg
França - A polícia e a justiça francesa tinham conhecimento desde 2010 de uma ameaça concreta de atentado na sala de concertos Bataclan, onde aconteceu um ataque dos jihadistas em 13 de novembro, revelou nesta quarta-feira "Le Canard Enchaîné".

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Essas ameaças, que deram lugar a uma investigação - aberta em 13 de julho de 2010 -, à acusação e à detenção do principal suspeito, Farouk Ben Abbes, foram arquivadas e não se traduziram em nenhuma medida de segurança, segundo o jornal, que precisou que nem sequer os proprietários do Bataclan tinham sido informados.

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Ben Abbes é uma pessoa próxima ao jihadista francês Fabien Clain, que reivindicou os atentados de Paris do mês passado em nome do Estado Islâmico (EI).

Polícia francesa m operação perto da sala de concertos Bataclan no dia dos atentados em Paris REUTERS / Christian Hartmann

A origem das informações sobre essa ameaça contra a sala de espetáculos é um atentado no Cairo contra um grupo de estudantes franceses em férias de 22 de fevereiro de 2009, no qual morreu uma jovem, Cécile Vannier, e outros 24 ficaram feridos.


A polícia egípcia deteve vários suspeitos, e entre eles a francesa Duvide Hoxha que foi extraditada ao país, onde contou aos agentes dos serviços secretos que a interrogaram que Ben Abbes tinha um "projeto de explodir o Bataclan".


Um relato que foi confirmado por um bilhete escrito enquanto estava na prisão no Egito, e onde tinha falado dos planos de Ben Abbes, relacionados com o fato de que o dono da sala Bataclan era judeu e -segundo esse documento- "financia o Exército israelense".

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Uma alusão a atos que foram organizados ali em apoio das forças armadas israelenses. O Bataclan foi vendido em setembro ao grupo Lagardère.
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A instrução judicial sobre esses elementos foi arquivada em 14 de setembro de 2012. Em outubro de 2013, o advogado da família de Cécile Vannier, Olivier Morice, pediu aos juízes encarregados do atentado do Cairo que incorporassem ao processo essa outra instrução já arquivada sobre as ameaças contra Bataclan, mas não teve resposta.
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Após os atentados de 13 de novembro, Morice -que é o advogado também de várias das vítimas- voltou a solicitar a incorporação desse procedimento arquivado em 2012 que foi aberto pelos últimos ataques jihadistas na capital francesa, que causaram a morte de 130 pessoas, entra elas 90 no Bataclan.