Por raphael.perucci

Rio - Qual é a real capacidade máxima do metrô do Rio e até quanto pode chegar se forem colocados mais trens? A pergunta pode parecer simples, mas ainda não se conhece este número com exatidão. Para isso, a concessionária MetrôRio está realizando um levantamento não só da capacidade do sistema como um todo, mas também de cada estação. O estudo já começou a ser desenvolvido e ainda não tem prazo para ser concluído.

A estimativa é de que, com o atual número de trens, a capacidade máxima esteja em torno de 830 mil lugares por dia, o que será ampliado para 1,2 milhão após a reabertura da Estação General Osório (prevista para dezembro). Porém, hoje o MetrôRio transporta 650 mil passageiros por dia, sendo 86 mil passageiros por hora no pico. De acordo com a operadora, nenhuma estação atingiu a capacidade máxima.

Estação Central recebe 11 mil passageiros por hora%2C no pico%2C e poderia ter o dobro do movimento com intervalos entre os trens de 90 segundosCarlo Wrede / Agência O Dia



Entretanto, ter ainda capacidade ociosa não significa dizer que as composições viagem vazias. Ao contrário disso, as reclamações de superlotação são recorrentes. O especialista em transportes da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC), José Eugênio Leal, explica que, com a infraestrutura atual, é possível aumentar a capacidade das linhas colocando mais trens: “Creio que o sistema pode aceitar um intervalo mínimo entre os trens de 90 segundos no trecho mais crítico (entre Central e Botafogo). Atualmente, o intervalo é de cerca de 3 minutos. Ou seja, dá para dobrar a capacidade se houver mais trens disponíveis”.

Ainda segundo Leal, a operação em Y (sobreposição das linhas 1 e 2) é um ponto de redução de capacidade. Para ele, é urgente que o sistema seja expandido, com a construção de alguns trechos prioritários, como a Linha 4 no traçado alternativo (Barra - Gávea- Jardim Botânico - Humaitá - Carioca) e a Linha 2 até a Praça 15, como no projeto antigo.

“O Estado deve ser proativo e apresentar ao governo federal um projeto bem acabado para captar parte dos R$ 50 bilhões do Pacto da Mobilidade. Com a Linha 4, haverá um aumento da demanda até o Centro. Com mais oferta e um planejamento, pode-se atenuar alguns efeitos”, diz.

Passageiros se queixam de trens lotados

O fato de haver capacidade ociosa em estações não quer dizer que passageiros não tenham de enfrentar composições superlotadas nos horários de pico. É o caso do técnico administrativo Victor Marques, de 23 anos. “Os intervalos têm que diminuir e essa expansão (para a Barra)me preocupa se não houver melhora. É muito raro eu conseguir embarcar no primeiro trem que chega. Gasto cerca de 10 minutos a mais até vir um metrô que não esteja insuportável”, contou Marques, na sexta-feira.

Mesmo as usuárias de vagões para mulheres reclamam. “Embarco na Pavuna e mesmo lá não tem mais lugar. Dá até confusão por espaço”, ressaltou a atendente Martiana Araújo, de 32 anos.

Estudo pode orientar integração

O estudo do metrô não está pronto, mas há estimativas de que a estação Estácio de Sá tenha capacidade ociosa de até 6 mil passageiros por hora, no pico. Com isso, linhas de ônibus que fazem integração em estações mais movimentadas poderiam ser reorientadas. O secretário Municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, diz que já recebeu informações, mas que aguarda a conclusão do estudo para realizar mudanças.

Em nota, o MetrôRio informou que a "concessionária sabe a capacidade total de sistema. Atualmente, com o fechamento da Estação Ipanema/General Osório e com o funcionamento parcial da Estação Cantagalo, o tráfego de trens encontra limitações que não permitem o uso total de nossa frota. Desta forma, a capacidade atual é de 830 mil passageiros/dia. Com a entrada em operação da Estação Ipanema/General Osório e o restabelecimento de Cantagalo, previstos para dezembro, esta capacidade será de 1,2 milhão passageiros/dia. O cálculo de capacidade do sistema é realizado baseado na capacidade máxima dos trens multiplicada pelo número de viagens que a frota realiza dentro dos intervalos previstos."

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