Por tamyres.matos

Rio - O aumento das passagens de ônibus, estopim das manifestações de rua iniciadas em junho, deve voltar às discussões em breve. Diante da proximidade de janeiro, prazo estabelecido nos contratos de concessão para a mudança nas tarifas, o prefeito Eduardo Paes defendeu ontem o reajuste.

“Está previsto em contrato (o aumento). A gente está estudando e isso deve acontecer no ano que vem”, afirmou ele, acrescentando que a tarifa está totalmente ligada à melhoria do serviço oferecido à população.

O reajuste no Rio, e em outras cidades do país, deveria ter ocorrido em janeiro deste ano. Entretanto, o governo federal solicitou o adiamento para junho, por causa das pressões inflacionárias. Então, a Prefeitura do Rio autorizou o aumento das passagens para R$ 2,95, em 1º de junho. Após os protestos contra o novo preço, o prefeito voltou atrás e anunciou, em 19 de junho, a volta das tarifas de ônibus a R$ 2,75.

Prefeito anuncia adiamento da data da implosão de trecho da Perimetral. Ao lado dele, o secretário de Transportes Carlos Roberto OsórioCarlo Wrede / Agência O Dia

Empresários do setor defendem que, caso o valor não suba novamente, será impossível manter a renovação da frota e os investimentos em melhoria, como a instalação de ar-condicionado.

O coordenador do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte, Nazareno Affonso, conta que o momento é propício para que os prefeitos façam justiça social. “Na verdade, a gente acha que o usuário deve pagar a metade do que ele paga hoje. Mas para isso tem que reduzir os impostos. E rever a questão das gratuidades. Os governos fazem caridade com o chapéu alheio. Quem paga pelos estudantes e idosos é o usuário. Isso deveria ser dividido por todo a sociedade, por meio de subsídios públicos. É uma tremenda injustiça repassar 100% do custo para os passageiros de ônibus”, disse Nazareno.

O prefeito, no entanto, não deu previsão sobre o mês para o reajuste acontecer no Rio e também não informou qual seria o novo valor.

Três empresas interessadas nas vigas

O presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), Alberto Gomes Silva, contou ontem que três empresas já se mostraram interessadas no leilão das vigas da Perimetral, previsto para o dia 21 deste mês. Segundo ele, cada uma delas deverá ter lance mínimo de R$ 7 mil. Serão vendidas 384 vigas, com cerca de 20 toneladas a unidade. “Eu queria que a pessoa que avaliou as vigas em R$ 14 milhões participasse e desse este lance”, ironizou o prefeito Eduardo Paes.

O presidente da Cdurp explicou que o vencedor do leilão vai precisar fazer o transporte do material. “A gente vai vender. O frete é por conta do comprador”, contou.

Além das vigas, todo o escombro da Perimetral será usado no conjunto de obras do Porto Maravilha. É o que promete o presidente da Companhia Porto Novo, José Renato Ponte, responsável pela estratégia de implosão. Segundo ele, a operação será totalmente segura e já tem o aval dos órgãos ambientais e do Exército. Será necessário furar cada viga pelo menos 50 vezes para introduzir os 1,2 mil kg de explosivos. “A Perimetral vai deitar como se fosse uma onda. Vamos instalar telas para impedir lançamento de fragmentos. Não vai subir nem poeira”, concluiu.

IMPLOSÃO DA PERIMETRAL É ADIADA E SERÁ NO DIA 24

O prefeito Eduardo Paes informou ontem que a implosão do primeiro trecho da Perimetral foi adiada e será no dia o dia 24 de novembro, um domingo, às 7h. Antes, a data prevista era o dia 17, na parte da tarde. Segundo Paes, o prazo para a preparação das detonações foi muito curto (15 dias), uma vez que o elevado foi interditado apenas no dia 2. Outra questão que influenciou a decisão foi o feriado prolongado de 15 de novembro, o que aumenta o fluxo de veículos na região.

A Via Binário vai servir de rota alternativa à Avenida Rodrigues Alves%2C que será fechada no dia 14 deste mêsFabio Gonçalves / Agência O Dia

“Percebemos que não dava tempo para preparar a implosão de maneira adequada. O prazo era muito apertado. Sem falar que a gente ia fazer na parte da tarde, que tem uma concentração maior de veículos. Isso ia dificultar os bloqueios para a implosão. Por isso, mudamos a data e o horário”, disse.

Estes serão os primeiros 1.050 metros dos 4.790 metros do Elevado da Perimetral que serão implodidos. De resto, tudo continua como o que havia sido planejado. A Avenida Rodrigues Alves será fechada no dia 14, uma quinta-feira pré-feriadão prolongado, às 23h, entre a Avenida Professor Pereira Reis e a Rua Silvio Montenegro. Ao todo, 56 imóveis (residências e comércios) da área de influência direta serão interditados. Segundo a prefeitura, 162 pessoas serão retiradas destes locais, que deverão ser liberados uma hora depois da detonação — elas retornarão uma hora depois.

“É um número pequeno de pessoas porque vai ser no domingo, e o comércio estará fechado”, acredita o prefeito, que garantiu ainda que a limpeza da região será feita em no máximo 90 dias.

A demolição faz parte do avanço das obras da Via Expressa, que ligará o Aterro do Flamengo à Avenida Brasil e à Ponte Rio-Niterói substituindo em definitivo o elevado. Essa nova via terá 5.050 metros, três faixas em cada sentido e o maior túnel urbano do País, com extensão de 2.570 metros.

Trânsito na Zona Portuária e no Centro não passa no teste da chuva

O trânsito da Região Portuária sofreu o impacto da chuva de ontem. Foi o dia de maior congestionamento desde a interdição da Perimetral, no fim de semana.Na Avenida Rodrigues Alvez, sentido Praça Mauá, o engarrafamento se estendia da Rodoviária até a Avenida Venezuela. A situação era agravada por bolsões de água acumulados nas pistas. Os reflexos foram sentidos na Avenida Brasil.

Na Via Binário, a situação não era melhor. A partir do Moinho Fluminense, havia lentidão. A Francisco Bicalho para quem vinha de Niterói e a Presidente Vargas também apresentavam lentidão. “A chuva não foi torrencial, mas suficiente para me atrasar”, disse a representante comercial Jaque Santana.

A SuperVia registrou um aumento de 7,5% no número de embarques desde que a Perimetral foi interditada. Porém, o reforço no sistema, com 11 composições realizando viagens desde 14 de outubro, veio acompanhado de reclamações de usuários: circulação de trens com portas abertas e falta de orientação quanto aos novos horários. Em nota, a empresa diz que faz vistorias e orienta passageiros para não reter as portas.

Colaboraram Caio Barbosa e Gabriel Sabóia

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