Por nara.boechat

Rio - O ano de 2013 vai entrar para a história com um precedente marcante na área de transportes: o clamor popular fez com que os governantes recuassem do reajuste das tarifas de ônibus. Porém, os livros didáticos precisarão de muitos capítulos para explicar as consequências deste fato. Do ponto de vista financeiro, o secretário municipal de Transportes do Rio, Carlos Roberto Osório, diz que, em 12 meses, o tamanho do rombo nas contas do sistema rodoviário é da ordem de R$ 200 milhões. Porém, este número pode ser maior. Se calculado o que deixou de entrar de recursos: são R$ 0,20 (redução do preço em 19 de junho) x 6,4 milhões de passageiros pagantes, ou seja, R$ 1,28 milhão por dia. O que dá R$ 32 milhões, por mês, e R$ 160 milhões nos últimos cinco meses, desde a redução.

Na primeira reportagem da série do DIA sobre quem paga esta conta, publicada ontem, foram mostrados os efeitos na renovação da frota, que caiu de 15%, ao ano, para 4%, em 2013. Com isso, em vez de 30% dos ônibus com ar-condicionado, como era previsto, o Rio tem hoje 18% dos coletivos refrigerados.

As manifestações contra o aumento das passagens%2C que foram maiores que a inflação nos últimos anos%2C fizeram governos cancelar reajustes Ernesto Carriço / Agência O Dia

Esta segunda reportagem da série mostra os impactos financeiros nas empresas. O presidente da Rio Ônibus (associação das empresas de ônibus do Rio), Lélis Marcos Teixeira, disse que não é se trata só de congelamento das passagens: algumas companhias já passavam por problemas de caixa devido ao sistema do Bilhete Único Carioca, que não recebe subsídio da prefeitura.

“Precisa ser criado um fundo de compensação tarifária. E mais, é fundamental integrar todos os modais nesta conta. As barcas, o metrô e os trens têm que entrar nisso. Tem que ficar definido quem é que vai arcar com a diferença (desconto) das vantagens oferecidas aos passageiros”, analisou o executivo.

Trânsito e vans também atrapalham as finanças

As empresas de ônibus da Baixada Fluminense vivem uma crise de mobilidade. Em dez anos, o cenário mudou drasticamente. Antes, um ônibus fazia até quatro viagens (ida e volta) por dia.

Hoje, em alguns casos, no mesmo período, só é possível realizar o mesmo trajeto apenas uma vez por causa dos congestionamentos.

“As pessoas reclamam que falta ônibus, que está demorando. E, às vezes, está mesmo. Mas é porque ele está parado no engarrafamento. Isso significa mais combustível, mais profissionais, mais veículos e mais investimento”, afirma o presidente da Rio Ônibus, Lélis Marcos Teixeira.

O executivo comentou também que o transporte clandestino prejudicou muito as empresas. “É um conjunto de fatores. Uma junção de problemas da cidade. E, na maioria das vezes, é o empresário quem paga a conta. A única garantia é o contrato de concessão. Por isso, ele tem de ser respeitado”, disse.

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